• Há 200 anos, Nobre e Muito Leal Cidade de Barbacena

    O colunista da Folha de Barbacena, Thiago Rossi, fala sobre o bicentenário do título de “Nobre e muito Leal”, honraria concedida a cidade pelo primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro

    No último dia 17 de março, na surdina da história, Barbacena celebrou o bicentenário do título de “Nobre e muito Leal”. A honraria foi concedida pelo primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro, após Barbacena ser a primeira vila de Minas Gerais a enviar representação, ao então príncipe regente, pedindo para que o mesmo permanecesse no Brasil quando do retorno da Família Real a Portugal. A ação por parte da cidade foi de grande contribuição ao episódio nacional que ficaria conhecido como o “Dia do Fico”, em 9 de janeiro de 1822. Aliás, Barbacena não só se ofereceu para pegar em armas e descer em massa ao Rio de Janeiro em favor de Dom Pedro, mas também, como nova capital do império, prometendo proteger Sua Majestade.

    Após a proclamação da Independência, tais atos valeram à então vila, o título de muito nobre e leal, que lhe foi conferido em decreto de 24 de fevereiro de 1823 e confirmado pelo alvará de 17 de março do mesmo ano. Vale ressaltar que na mesma data outras cidades do país receberam títulos imperiais, em Minas Gerais foram nomeadas, além de Barbacena, as vilas de Sabará (Fidelíssima) e Vila Rica (Cidade Imperial).

    O título de Nobre e Leal concedido a vila, tinha tanta importância, que em 19 de fevereiro de 1840, durante sessão na Assembleia Provincial, o deputado João Antunes Correa solicitou que, ao elevar-se a Vila de Barbacena à condição de cidade, fosse preservado tal honraria, não só pela lealdade dada ao Imperador Pedro I, mas por toda a trajetória daquela população diante dos mais variados eventos históricos, políticos e culturais do país. Dessa forma, a Lei N. 163 de 9 de março de 1840 em seu artigo primeiro elevava à cidade a vila de Barbacena, que ficava oficialmente denominada como Nobre e Muito Leal Cidade de Barbacena.

    Este ano completamos 200 anos de tal título, mas pouco se fala deste episódio tão icônico para a história da cidade e de Minas Gerais. Oportunidades como a de inserir o título no próprio brasão da cidade (como se fez com a Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto) foram e estão sendo perdidas. Aliás, a data foi perdida, sem ser relembrada em escolas ou pela própria cidade. Ouro Preto, por sua vez, elaborou uma série de eventos para celebrar o título de 200 anos de Cidade Imperial.

    Está certo que ano que vem haverá a possibilidade de celebrar os 201 anos, mas certos números e eventos são icônicos: centenário, bicentenário, tricentenário… Em uma reflexão até mesmo mais profunda, pode-se dizer que o título de Barbacena faz parte da celebração do próprio bicentenário da Independência, devido a nossa importância histórica.

    Fica a reflexão da necessidade de preservar, conservar e (PRINCIPALMENTE) revisitar a nossa história. É isso que constrói a nossa identidade e a vontade de fazer sempre mais por esta Barbacena repleta de coisas.

    Thiago Rossi é formado em Comunicação Social e pós-graduado em Gestão Cultural. Como autor independente, publicou os romances “Os Pardais” e “AP – Amores Incompletos”, e em outubro de 2022 foi um dos autores do livro “O Reinado da Rosa: A História das Rainhas de Barbacena”. Também é sócio fundador da empresa Vem di Bequê, marca que tem como principal objetivo despertar o amor e o conhecimento das pessoas pela cidade

    *As opiniões de nossos colunistas não necessariamente refletem a opinião da Folha de Barbacena

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