• Con(fiar): O fio que borda e costura a memória e os saberes das mestras e dos mestres do Campo das Vertentes

    Con(fiar) é o nome dado ao projeto de registro, através de vídeos, das trajetórias, dos saberes, das memórias e das manifestações culturais produzidas pelos habitantes de Tiradentes e cidades da região do Campo das Vertentes, que é realizado pelo Campus Cultural UFMG em Tiradentes. Este percurso de encontros e, acima de tudo, de escuta, iniciou em julho de 2021, com a gravação dos relatos de escultores de arte sacra, santeiros, ceramistas, mestres de cantaria, bordadeiras, ferreiros, congadeiros, produtores de queijo, de doces e cachaças e muitos outros que perpetuam ofícios e saberes locais.

     O projeto tem a coordenação do servidor Jackson Jardel dos Santos e da professora Verona Campos Segantini, presidente da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, instituição de apoio às ações culturais da UFMG. Ambos atuam no Campus Cultural UFMG em Tiradentes, onde o projeto está sendo desenvolvido   também com a inclusão de moradores de São João del Rei, Coronel Xavier Chaves, Resende Costa, São Tiago e outras cidades que integram a região do Campo das Vertentes. Seu objetivo é contribuir com o (re)conhecimento dos artesãos, mestres de ofício e com a multiplicidade de saberes tradicionais que marcam a região a partir do registro audiovisual, valorizando cada troca e diálogo de saberes. Jardel conta que ao gravar os vídeos com os depoimentos, também foram valorizados os silenciamentos, as emoções e as sutilezas da voz, que por vezes falam mais alto que a palavra.  “Afinal, foi esse fio de confiança que permitiu que pudéssemos perpetuar essas vivências e saberes”, diz o pesquisador. Ele revela ainda que muitas passagens não foram registradas pela câmera e foram contadas como confidências

     A inspiração para o nome dado ao projeto se baseia na constatação de que, nas várias características atribuídas aos mineiros, talvez sejam duas as que mais se destacam: a que mineiro trabalha em silêncio e a que é desconfiado. Porém, através dos vídeos, pode-se perceber que os mineiros e mineiras apresentados, abriram suas casas, seus locais de trabalho e confiaram suas histórias para estes registros que se transformaram em imagens de troca de afetos e memórias.  Para os responsáveis pelo projeto, o Con(fiar) mostra os avessos, o que está por trás, o que ninguém vê, a humanidade do patrimônio que está contida nos habitantes de Tiradentes e cidades vizinhas. Conhecer pessoas como José Trindade Xavier, filho do saudoso “Chico Doceiro”, escutar as histórias do Marcos e da Mariana Paineira, netos do também saudoso “Tião Paineira”. Famílias que deram continuidade ao legado de seus mestres, uma na arte de fazer doces e a outra na de fazer cerâmicas, e desta forma garantiram a transmissão de saberes às novas gerações, evitando que este conhecimento desapareça. Os relatos mostram que além de informações, são transmitidos saberes que conjugam lições de vida com o conhecimento das técnicas peculiares a cada ofício.

    Jardel enfatiza que o projeto significa também a constatação de que a cidade é um lugar que produz conhecimento e é também um local onde a educação pode acontecer. “E tal reconhecimento é fundamental para entender que cada comunidade tem suas experiências, memórias coletivas, tradições, patrimônio e manifestações culturais que fazem parte do processo de construção da cultura.

    Os episódios podem ser acessados através do Youtube, no canal Campus Cultural UFMG – Tiradentes. Nesta primeira fase, estão sendo gravados dez episódios e já estão disponíveis:  1 – Paineira em flor: Presença e transformação; 2 – Abençoada cura: o dom, a fé e a sabedoria ancestral das benzedeiras; 3- Nosso ouro: a história e a cultura do queijo minas artesanal; 4 – Criador e criatura: da dura madeira faz-se a sacra escultura; Episódio 5 – Doce (de)leite: a história dos tradicionais canudinhos e doces mineiros artesanais.

     

    Fonte: Comunicação do Campus Cultural UFMG em Tiradentes

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