Dados do Portal de Transparência da Polícia Civil, apontam que a cada dia, três mulheres sofrem violência em Barbacena. As informações reforçam a importância da data de hoje (08/03), escolhida para comemorar o Dia Internacional da Mulher, na celebração das conquistas sociais, econômicas, políticas e culturais, mas acima de tudo em reforçar a importância da conscientização para que todas lutem por seus direitos. 

De acordo com a Delegada de Mulheres Amanda Sfredo Martins Prezotti, o tipo de violência com maior registro na cidade são casos de ameaça, estando em segundo lugar as agressões. “Em Barbacena, dentre os registros de violência doméstica, a natureza da infração penal de maior incidência é de ameaça, seguindo da contravenção penal de vias de fato e do delito de lesão corporal. Em quarto lugar, temos o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência, o qual, em caso de prisão em flagrante, não admite fiança em sede policial”, esclareceu.

Até o momento, neste ano ainda não foi registrado nenhum caso de feminicídio, mas no ano passado foram duas ocorrências, sendo uma delas de tentativa e a outra de um caso consumado. O último ocorreu em julho de 2023 e ganhou grande repercussão na mídia devido a violência usada contra a vítima, de 26 anos, que foi encontrada morta na Colônia Rodrigo Silva com os braços e pescoço amarrados, e com diversos hematomas pelo corpo. Além disso, o rosto estava desfigurado, sem pele e cabelo.

Segundo a Doutora, as diligências foram concluídas e encaminhadas à Justiça em setembro do mesmo ano “com indiciamento e pedido de prisão preventiva que foi judicialmente deferido, permanecendo acautelado o investigado que já se encontrava recolhido em virtude da prisão temporária”.

No ano de 2023 foram encaminhados à Justiça mais de 400 requerimentos de medidas protetivas de urgência no município, sendo 66 no período de 1º de janeiro a 6 de março. Nesse mesmo ciclo em 2024 já foram feitos 74 pedidos de medidas protetivas.

A psicóloga Letícia Sfredo falou sobre a importância do acompanhamento no enfrentamento de situações de violência. “Nós psicólogos temos um papel fundamental para que as mulheres compreendam o ciclo da violência a que estão submetidas e para que tenham o conhecimento necessário para enfrentar a situação. Ficar em uma relação violenta nunca vale a pena, mas nem sempre isso é fácil de enxergar. Por isso, a terapia tem como objetivo fortalecer as pessoas que estão em relações como essa e resgatar a capacidade das mesmas de tomar decisões necessárias para que sejam devidamente respeitadas”, pontuou.

A profissional também reforçou os espaços disponíveis na cidade para auxílio das vítimas. “A denúncia é o nosso principal meio para romper qualquer tipo de violência, e em Barbacena contamos com diversos espaços que são fundamentais para o acompanhamento, fortalecimento e apoio para a recuperação do bem-estar das mulheres vítimas de violência, seja ela qual for”, afirmou ela.

O município conta com uma rede de atendimento à mulher vítima de violência, oferecendo diversos serviços e instituições que dão o suporte necessário para que esse ciclo seja rompido. “É exatamente nesse contexto que a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) se encontra inserida, buscando reprimir a violência doméstica através da apuração de crimes e prisão de agressores, formalização de requerimentos de medidas protetivas de urgência, entre outros serviços”, a Delegada Amanda complementou.

O número de denúncias anônimas, que podem ser feitas através do 180 ou 181, é crescente, o que demonstra que as mulheres estão mais cientes de seus direitos e têm sido cada vez mais encorajadas a denunciar.

Em situação de flagrante delito, a Polícia Militar deve ser acionada através do 190 para que o agressor seja imediatamente preso. Não sendo este o caso, a vítima pode procurar diretamente a DEAM, localizada na rua Vitório Meneghin, nº 210 no Pontilhão, para receber atendimento individualizado, orientações e encaminhamentos, além do registro de ocorrência, requerimento de medidas protetivas e demais providências.

Por Isabella Paolucci