• Uma história de amor no lixo

    Por Marcos Faria

    Eram tempos muito difíceis e ele tinha que se virar para conseguir seu sustento. Várias atividades informais e tudo o que fosse possível para conseguir prover o lar levaram-no a mexer com reciclagem também. Remexer no lixo dos outros e conseguir transformar isso em dinheiro era um dos seus desafios diários.

    O desanimo das tarefas árduas e muito vezes ingratas estavam abalando seu estado de espírito, se sentia cansado, frustrado e aflito. Até que naquele dia encontrou uma centelha de felicidade.

    Remexendo o lixo, um pacote lhe chamou atenção. Em um papelão grosso, mas dobrável e amarrado em linha de plástico colorido desencadeou a curiosidade que sussurrava em seu ouvido, levando-o a largar todas as outras coisas para focar naquele objeto.

    Abriu o pacote e fintou um aparente livro, mas sem título na capa. Ao abrir, ficou claro do porquê, tratava se de um álbum, mas não um qualquer, um álbum de casamento. Observou os rostos daquelas pessoas enquanto folheava e via a alegria delas.

    O que será que aconteceu com eles? Aquilo tudo agora reduziu se a fotos jogadas no lixo?”, questionou se.

    Era perceptivo que tudo foi muito caro, do álbum em si a festa chique, desde a ornamentação da igreja até o que parecia ser um sítio alugado para a ocasião, talvez o lugar na verdade fosse propriedade deles.

    “O buffet era digno de reis!”, pensava assustado.

    Pensou no quão ricas eram aquelas pessoas e que jamais conseguiria dar aquela festa para sua “patroa”. Contudo, lembrou-se que mesmo sem poder dar toda aquela ostentação ou de qualquer outro tipo, ela estava em casa esperando por ele, sempre dando a força que precisa para seguir em frente de cabeça erguida e lutando ao seu lado.

    “Realmente aquilo era amor!”, pensou.

    Ninguém estaria ao lado de alguém como ele senão fosse por isso e logo não havia margem para qualquer tipo de interesse. Assim, concluiu que era muito mais rico que aqueles anônimos das fotos, pois seu casamento não estava no lixo e começou a cantarolar um clássico dos The Beatles:

    Can’t buy me love … Can’t buy me love …”. Desencadeando espanto e sorrisos de quem passava por perto…

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