Será que eu quero saber?
Por Nayara Coelho
Lembro que uma banda Indie tocava no rádio do carro naquela noite. A escuridão da cidade era quebrada pelo mar de luzes, que pareciam ser nossos únicos cúmplices.
Você estava ao meu lado falando sem parar, muitas das coisas que eu sempre quis ouvir de alguém. Te escutava em silêncio e te admirava quando você não estava vendo.
Não tive coragem de olhar no fundo dos seus olhos, por que eu sabia que se fizesse isso, os meus entregariam tudo. Então meu único instinto era sorrir, mas algo dentro de mim me pedia para parar.
Havia uma voz inquieta que insistia em me lembrar que aquilo não iria durar para sempre.
Desmanchei o sorriso e preferi dar ouvidos a essa voz e depois disso, toda vez que estávamos ali no topo do mundo, eu já sentia como se fosse a última.
Revivi esses momentos mais vezes do que eu queria nas últimas semanas. Desde o cheiro do seu perfume, até quando ficamos abraçados em silêncio olhando as estrelas, como em um filme. Momentos eternos com prazo de validade.
E sabe quando eu percebi que era tudo tão bom assim? Quando terminou.
Quando lembro das palavras que você me falou, me questionando por descumprir o nosso acordo. Seu acordo, na verdade!
Confesso que assinei sem ler ignorando toda a minha intensidade! Te juro, baby, eu ignorei! Não por você, mas por mim e por todas as decepções que já carrego comigo.
Tentei me conter o máximo que consegui, mas sentir sempre foi mais forte que eu. Ainda mais com você me dando todos os sinais de que estava na minha mesma sintonia.
Agora o que me restam são várias perguntas sem respostas, mas… Será que quero saber o motivo de você não ter ficado?
Não sei, porém apenas imagino que tais palavras, agora, não são nenhuma das que eu quero ouvir de alguém, assim como o Indie que tocava no rádio naquela noite.