Rede Fhemig: referência em assistência diferenciada a prematuros e familiares
Campanha Novembro Roxo é dedicada à prevenção da prematuridade
O bebê que nasce antes das 37 semanas de gestação – sendo prematuro moderado ou tardio o bebê nascido entre 31 e 36 semanas e seis dias; e prematuro extremo entre 24 e 30 semanas de idade gestacional – é considerado prematuro. A Ingrid Vitória, 1 ano e 8 meses, filha da supervisora de vendas Poliana Silva, nasceu com apenas 23 semanas de gestação na Maternidade Odete Valadares (MOV), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
“A gravidez correu bem, nada além dos enjoos e da indisposição, normais do início. Pré-natal feito corretamente, com ultrassom realizado uma semana antes do nascimento, sem nenhum tipo de complicação até então. Tive insuficiência istmocervical – uma abertura indolor do colo do útero, que resultou no parto durante o segundo trimestre de gestação”, explica Poliana Silva.
Ingrid ficou internada por 186 dias na MOV, passando por terapia intensiva, cuidados intermediários e método Canguru. Mãe e bebê ainda enfrentaram mais um desafio: o período de internação coincidiu com o início da pandemia de covid-19. “Para segurança dos bebês, só as mães podiam acompanhar diariamente. Já os pais, uma vez por semana. É muito complicado não poder pegar seu filho, amamentá-lo e viver tudo aquilo que se deseja quando esperamos por uma criança. A rotina de uma mãe de prematuro é muito intensa. O caso da Ingrid foi bem grave, chegava à UTI com medo de como seria o dia e passava a noite com medo de o telefone tocar e vir uma notícia ruim”, confessa.
Complicações
“Quanto menor a idade gestacional no nascimento, maiores podem ser as consequências da prematuridade”, afirma o coordenador da Unidade de Neonatologia da MOV, Wesley Gomes Prata. “O recém-nascido prematuro apresenta órgãos subdesenvolvidos, pela interrupção da gestação antes das 37 semanas, que podem não estar prontos para funcionar fora do útero materno”, pondera.
A pediatra da UTI Neonatal do Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), Francis Jardim Pfeilsticker, explica que são variadas as causas da prematuridade. “Idade da mãe (menor que 20 e maior que 40 anos), gestação gemelar, tabagismo, infecções maternas, diabetes, hipertensão, dependência de drogas e número reduzido de consultas de pré-natal são alguns fatores que podem levar ao nascimento prematuro. Mas muitas vezes as causas são desconhecidas. Importante ressaltar também que há condições patológicas da gravidez que, mesmo conduzidas de forma adequada e oportuna, podem ocasionar um parto prematuro. É necessário que haja uma rede de assistência capacitada tecnicamente para que os riscos da prematuridade sejam reconhecidos e tratados ou minimizados”, diz Francis.
A ginecologista e obstetra do alojamento conjunto, Cristina Célia Teixeira, e a enfermeira coordenadora da Maternidade do HRAD, Priscila Camargo Moraes Freire, destacam que o planejamento da gestação permite que algumas condições maternas sejam evitadas antes mesmo do início da gravidez.
De acordo com as profissionais, após a concepção é necessário que haja adequada assistência no pré-natal, assim como adesão da gestante às recomendações propostas. A identificação precoce de fatores de risco, com a devida conduta para cada caso, seguida de acompanhamento interdisciplinar, é essencial.
Prevenção
Para a coordenadora da Unidade Neonatal do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), Danielle Camargos de Castro, a principal medida de prevenção à prematuridade ainda é a realização do pré-natal adequado. “Fazer as consultas e os exames ajuda na identificação precoce e, consequentemente, possibilita o tratamento de diversas patologias associadas ao parto prematuro. Hábitos saudáveis de vida, como alimentação equilibrada e suspensão do tabagismo e do uso de drogas, são fundamentais”, ressalta.
A coordenadora da Maternidade do Hospital Regional João Penido (HRJP), Ana Carolina Mattos Medeiros, também endossa a importância do pré-natal. “São fundamentais os cuidados pré-natais de qualidade desde o início da gestação. Importante, ainda, proporcionar às gestantes e familiares o acesso a informações corretas, condições básicas de saúde e de nutrição adequada.
Tudo isso pode reduzir consideravelmente o risco de um nascimento prematuro. Por fim, é fundamental que haja adequada assistência hospitalar, com implantação de protocolos de tratamento e prevenção de partos prematuros, como uso de corticoide antenatal e manejo de doenças como pré-eclâmpsia e infecção urinária”, completa.
Covid-19
A coordenadora médica da Unidade Neonatal do HJK, Cintia Cavalcante Farinazzo, explica que, desde o ano passado, a infecção pelo novo coronavírus também passou a ser uma importante causa de prematuridade. “Antes da vacinação das gestantes, a pandemia afetou muito essa população. A gravidade materna levou a trabalhos de parto prematuros ou à necessidade de interrupção da gestação, com o intuito de salvar as vidas da mãe e do bebê”, ressalta. O Hospital Júlia Kubitschek é uma das referências no estado para o atendimento à covid-19.
Dedicação contínua
A ex-gerente administrativo financeiro Michelle Linhares Gomes de Paula e seu filho Antônio, hoje com 8 anos, enfrentaram dez meses de internação após uma cesárea de emergência, com 30 semanas de gestação. “Durante um ultrassom de rotina, foi detectada a necessidade de interrupção da gravidez. Ele já estava em sofrimento fetal há duas semanas. Descobrimos, mais tarde, que eu tenho uma alteração genética, um tipo de trombofilia, que favorece o parto prematuro”, explica.
Antônio passou por sete meses de internação na terapia intensiva da MOV e mais três meses no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII). “Foi um período de muita tensão, surpresas, altos e baixos, com alguns momentos assustadores, mas também com vitórias, O que vivemos nesse período foi transformador. Nunca vou me esquecer do amor, do acolhimento, das orações e das boas vibrações que recebemos de todos os profissionais”, agradece Michelle.
Alto risco
As quatro maternidades da Rede Fhemig são referências no atendimento à gestação de alto risco. As UTIs Neonatais contam com infraestrutura completa e equipes multidisciplinares especializadas, formadas por médicos de diversas especialidades, enfermeiros, psicólogos, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais e fonoaudiólogos.
As unidades dispõem, ainda, de protocolos clínicos para as principais patologias presentes na prematuridade como retinopatia, displasia broncopulmonar, ictérica neonatal, distúrbios glicêmicos e metabólicos, persistência de canal arterial, hemorragias periventriculares, administração de surfactante, reanimação neonatal para prematuros e recém-nascidos a termo, sepse neonatal precoce e tardia, infecções congênitas, nutrição enteral e parenteral, entre outros.
Novembro Roxo
Desde 2008, o mês de novembro é dedicado à conscientização para a causa. A cor roxa foi escolhida por ser símbolo de sensibilidade e individualidade e significar transmutação, mudança.
As maternidades e UTIs Neonatais da Rede Fhemig celebram a data com programações que incluem seminários, debates, uso de fitas roxas e sensibilização da comunidade hospitalar para a prevenção da prematuridade e para os cuidados do prematuro e de sua família, com ênfase na humanização da assistência.
Aprendizado
Michelle de Paula afirma que a experiência da prematuridade deixa uma lição. “Nada nessa vida é por acaso. É preciso ter gratidão mesmo nos momentos difíceis. Aprendi que precisamos celebrar cada momento ao lado de quem amamos, pois tudo passa”, acredita.
“Sendo mãe de prematuro, você aprende a dar valor a cada detalhe que, às vezes, passa despercebido. O tempo é algo valioso e a fé ajuda a nos mantermos firmes. Sou muito grata à MOV por tudo que fizeram por nós”, complementa Poliana Silva.
“Um conselho, em especial, para mães e pais de prematuro: amem, acreditem, sejam presentes e façam o seu máximo. Não será fácil sempre, mas sempre vai valer a pena”, conclui Michelle.
Reprodução Agência Minas