Por Clarice Lopes

 

Eu quis que o mundo fosse um conto de fadas.

Quis que o tempo parasse e me esperasse enquanto eu passava.

Que os ventos soprassem só para os lados que me fossem convenientes.

 

Eu quis, mais que tudo, que o sol brilhasse todos os dias pra mim,

não importando se fosse na minha janela,

sob o meu corpo ou em qualquer outra parte da casa.

Só precisava ser meu.

Mas depois de um tempo, eu percebi que nada está sob o meu controle.

E até o que minimamente deveria estar, foge.

A vida parece ultrapassar os limites, e estar constantemente fora da curva.

 

E em todo tempo,

eu tentava me embebedar nos próprios pensamentos,

me encher de trabalhos

e escrever até que as pontas dos dedos calejassem.

Isso tudo, só pra fugir de mim, e ver se por acaso, esbarrava em uma das minhas versões menos piores.

 

Um coração naufragado nunca sabe o que é bom de verdade.

 

De fato, ao longo dos tempos as coisas ficam um tanto quanto sem sentido.

Mas ao mesmo tempo, tem um gostinho de maturidade, uma serenidade.

Acho que a palavra certa, é perseverança.

E falo isso, sendo assim menos pessimista que consigo.

 

Mesmo sem sol, a gente aprende a fazer a nossa festa.

Mesmo sem sol, a gente aprende a encontrar outro ser luminoso o suficiente pra dar sentido à vida.

E quer saber? Esse tal ser, sempre está dentro de si.

 

Meu amor,

Eu sou romântica pra quem é do romance,

sou coreografia pra quem é da dança,

e nas horas vagas,

sou verbo pra quem é da poesia.