Pique-esconde
Por George Loez
Quando criança existiam diversos jogos para passar o tempo, desde: amarelinha, pular corda, pau pedra tesoura, dentre tantos, que nem ouso tentar contar, mas em particular, havia um que eu mais gostava pelo fato talvez de vedar os olhos com as mãos, recostado na parede ou em uma árvore qualquer e tentar encontrar o esconderijo dos meus amigos.
Foram tantas as vezes!
Um dois três….
Lá vou eu!
Esta era a contagem para logo virar e seguir a busca.
Te peguei!
Esta era a palavra usada quando se achava um amigo nesta brincadeira de se camuflar.
Logo após invertia se os papéis…
E era a vez dele contar.
Até que um dia paramos de brincar.
Passou tão rápido que perdi a noção do ontem.
O tempo seguiu tão depressa, quase não percebi a mudança. Mas tudo mudou!
Hoje adulto, fico à querer contar novamente recostado em algum lugar para achar os amigos que perdi pelo caminho. Hoje procuro e não os encontro mais. Eles sumiram pela vida. Nenhuma notícia. Ou quem sabe, fui eu que me escondi tão bem que seja difícil de me achar?
Outro dia por sorte, encontrei um destes amigos de infância, quase sem querer. Foi difícil de acha-lo, pois mesmo à minha frente tinha se escondido em outra fisionomia. Na transformação do tempo. Estava muito diferente, difícil identificação. Tinha um cabelo na face que antes não existia! Deduzi quem era pelo olhar, então perguntei-lhe meio sem jeito, e com o sorriso tímido, confirmou.
Ele custou a me reconhecer.
Eu também tinha mudado e nem tinha dado conta disto. Queria dizer, tá contigo, agora é a sua vez! Mas ele não entenderia nada. Conversamos muito pouco, e os assuntos foram outros. Perdemos a antiga intimidade infantil, lembramos de amigos que há muito tempo não víamos, mas não lembrávamos nada mais sobre seus nomes, se transformaram em termos.
Fulano, beltrano, ciclano.
Onde identificávamos pela vaga lembrança de fisionomias peculiares de cada um.
Muito tempo havia se passado. Apenas gesticulava a cabeça em um balançar de negatividade como resposta. Não fazíamos nenhuma ideia onde estariam.
Enfim, nos despedimos e continuei caminhando, lembrando de outros.
Pura nostalgia.
Quem sabe um dia encontre com mais alguém, assim como por encanto, ou quem sabe quantos não passaram por mim sem que os reconhecesse e nem me desse conta.
Esta é a vida aonde o destino insiste em continuar com este interminável jogo de pique-esconde na trajetória do nossos dias, com pessoas que encontraremos por acaso talvez, e outras que nem veremos mais.
Continuarei brincando.
Um, dois, três…
Lá vou eu…