Penélope
Por Thiago Rossi
Será que você não entende minhas palavras delicadamente costuradas?
Cada frase, cada vírgula, cada ponto em cruz, repleto de tudo… Tudo o que me torno, quando meus olhos te encontram.
Será que você não percebe esse sentimento bordado em mim? Esse amor cheio de pregas, alinhavado e sem bainha?
Meu olhar, cotidiano, picotado, te buscando em cada oportunidade, em cada viés de ilusão. Será que você não percebe o forro de carinho por você, que carrego todos os dias?
Meus sentimentos repletos de nós cegos, de pontos tortos e entrelaçado por retalhos de um sonho, talvez impossível.
Todos dias, bordo e costuro este amor por você, todos os dias me perco no molde ideal de teu corpo em meus pensamentos, todos os dias tantas costuras, imaginando a seda da tua boca, o algodão do teu toque, o cetim da tua pele. E todas as noites, desmancho, desfaço, rasgo, recorto e te esqueço, até te reencontrar novamente, com tua costura francesa, dentro do meu peito, envolta em tecidos persas e, novamente, a cravar agulhas em meu peito arfante.