Ojesed
Por Nayara Coelho
Contrariei Marisa Monte e não quis contar para as paredes coisas do meu coração.
Não que as paredes sejam más ouvintes, o problema é que elas não me respondem de volta.
Por isso decidi falar com alguém real,
que não me julgasse,
mesmo que eu tivesse que pagar para isso.
Então deitei no divã e falei
Não sei dizer exatamente quanto durou,
mas “passeei no tempo, caminhei nas horas”.
Confesso que em alguns instantes
Era como se eu estivesse realmente falando com as paredes
Parecia não fazer sentido,
Porém eram momentos em que eu precisava me ouvir.
Chegava a ser absurdo ter que me escutar, olhar para um espelho que, por anos, evitei.
“Um espelho sem razão”
Discerni o que eu aceito do que eu mereço,
Descobri que amores líquidos não matam minha sede,
Que pessoas rasas não valem o meu mergulho (e eu insistindo sem nem ao menos saber nadar)
Dilacerou a alma podar raízes que pensei que me sustentavam.
Mas tem feito sentido.
E o lado bom disso
É que não estou só
(Por muitas vezes achei que sim)
Que no fim do dia tenho mais a agradecer do que reclamar
(Mesmo que as vezes eu faça mais o contrário)
E que,
Por mais assustador que seja,
Ainda é só o começo.