• O Instituto Onda Gomes em Barbacena

    Por Guilherme Oliveira

    O Intuito teve sua origem em Barbacena, onde vivia uma senhora viúva e sem descendentes, chamada Onda Gomes Teixeira Nunes, filha do casal Sr. Francisco Gomes Teixeira e a Sra. Maria Madalena Gomes Teixeira. Ela residia em um casarão construído em 1850, situado a Rua Quinze de Novembro n° 201, o mesmo casarão que depois abrigou o instituto que levaria o seu nome. Onda Gomes faleceu em 30 de julho de 1971, aos noventa e 94 anos de idade.

    O dom maior de Dona Onda era acolher crianças órfãs e pobres que viviam na rua, durante um bom tempo ela mesma cuidou de tudo. A casa de Dona Onda já recebia moças de fora que vinham a Barbacena para estudar. Nessa época ela também ela cuidava em sua casa de uma senhora de nome Jove e de seu filho Zezé que tinha autismo. Mais tarde passou a ter ajuda do casal, o Sr. Serafim e a Sra. Venina, que a ajudaram até o falecimento do Sr. Serafim, e com o falecimento do marido a Sra. Venina infelizmente não poder mais continuar ajudando Dona Onda. Mais Onda Gomes não desistiu e desejava muito mais, foi então que ela buscou ajuda do Cônego Mário Quintão. No ano de 1961, foram chamadas as providências legais para a concretização de um Instituto. Então no ano seguinte no dia 1° de maio de 1962, era inaugurado o “Instituto Onda Gomes”, conforme consta o livro de atas de N° 1. Foi então que o Cônego Mário Quintão sugeriu a Sra. Onda Gomes que procurasse uma Congregação religiosa para prosseguir com sua obra, que era de grande importância para a cidade. O Padre Viçoso, também residente em Barbacena, se ofereceu para ir a Mariana sede da Arquidiocese, conversar com a superiora geral, Madre Maria de Nossa Senhora Aparecida. Provavelmente nessa ocasião conversou também com o Sr. Arcebispo, Dom Oscar de Oliveira. A partir desses contatos, as Irmãs Carmelitas da Divina Providência entraram na história dessa obra dedicada às crianças na cidade de Barbacena.

    A primeira fase da presença da Congregação

    As Carmelitas da Divina Providência são Carmelitas porque a fundadora, Madre Maria das Neves escolheu a espiritualidade do Carmelo para sustentar o seu projeto de vida, seu nome de batismo era Rita de Cássia Aguiar. Era uma viúva, sem descendentes que escolheu doar sua vida para Deus, para os pobres e para os enfermos. Dona Rita morava no Rio de Janeiro e foi na Igreja da Lapa no dia 02 dezembro de 1899 que ela fez os votos de se doar. A partir de então ela passou a se chamar Irmã Maria das Neves.

    Em 1964, chega a Barbacena a primeira irmã a que veio para assumir a casa logo que passou para a congregação, foi irmã Enedina Carvalho de Oliveira, e com ela chegaram as outras irmãs para iniciarem a missão de cuidar do sonho da Sra. Onda Gomes, eram 17 crianças na faixa etária de 6 a 12 anos.

    Os primeiros anos de Enedina Carvalho de Oliveira na Congregação foram de aprendizado daquilo que ela desejava, servir. Experimentou vários campos de missão, em hospital, Colégios, Educandários, Asilos, Pastorais, e trabalhos domésticos. O primeiro serviço, após concluir o Noviciado, foi no Hospital de Conselheiro Lafaiete/MG. Sua jornada continuou, sendo transferida para o Colégio do Carmo, em Caratinga/MG, como dispenseira, serviços gerais, disciplinaria, em dois períodos. Em Viçosa/MG, foi professora de trabalhos manuais; em “Barbacena/MG, assistiu as crianças internas, no instituto “Onda Gomes”, e iniciou o Curso de Auxiliar de Contabilidade no Colégio Estadual Tiradentes, da Polícia Militar. Transferida para o Asilo de Ubá/MG, continuou e concluiu os estudos, no Colégio da Academia de Comércio Rui Barbosa, foi Superiora Local, Tesoureira, e fez Serviços Gerais. Depois foi transferida para Campos dos Goitacazes/RJ, como Superiora Local, no Asilo da Lapa. Posteriormente, foi residir, com outras duas Irmãs, no Centro Diocesano de Pastoral, onde cuidou, com muito zelo, dos seminaristas, sendo de grande ajuda para Dom Carlos Alberto Navarro, que tinha por ela grande estima e gratidão. Foi também fundamental sua colaboração na reforma e adaptação da casa que, em 1986, abrigou o Carmelo de São José. Por isso, recebeu de Dom Carlos o título de Benfeitora do referido Carmelo. Um padre de Campos, quando soube de sua morte, assim se expressou: “Foi um dos anjos da guarda do nosso inesquecível Dom Carlos Alberto Navarro”.

    Irmã Enedina nasceu em 10/11/1924 e faleceu aos 96 anos de idade em 13/07/2020, sendo 72 anos vividos e dedicados a Congregação.

    A história do Instituto Onda Gomes sob a responsabilidade da Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência passou por várias fases desde a chegada da primeira irmã. Uma das fases, talvez a mais prolongada, foi com Irmã Maria Madalena Ferreira da Silva, carinhosamente chamada “Mãe D’alena” pelas crianças.

    Quem recordou um pouco da primeira fase do Instituto Onda Gomes foi Dona Maria de Lourdes Nascimento, colaboradora de grande importância no instituto na década de 80, que no dia 05 de julho de 2018, visitou as Irmãs da comunidade no atual Instituto. Em depoimento, afirmou que procurou ser uma presença significativa na vida das crianças e da Irmã Madalena, disse que não mediu esforços para cuidar das crianças, às vezes bebês, como uma verdadeira mãe que cuida dos seus filhos. Contou também que era o grande apoio da Irmã Madalena e emocionada, disse que a Irmã Madalena faleceu apoiada em seus braços. Sobre Dona Onda Gomes ela disse: Onda Gomes era uma pessoa bondosa, simples e ao mesmo tempo elegante, amava os pobres e os protegia, era cristã assídua e frequentava a Igreja Nossa Senhora da Piedade, muito alegre gostava de promover festas. Casou-se com um rapaz mais novo do que ela, que veio a falecer primeiro do que ela. Onda Gomes possuía um rico patrimônio.

    No dia da visita, Maria de Lourdes com seu olhar firme e doce ao mesmo tempo, mostrou sua fortaleza e sensatez. Estas são mulheres fortes que constroem uma história diferenciada, deixando rastros de amor incondicional

    No segundo semestre do ano de 2012, o casarão que depois de longos anos acolhendo servindo nossas crianças, precisou de passar por uma grande reforma, exigindo assim a mudança para uma nova casa. A nova casa se localiza Av. Bias Fortes nº 520 centro de Barbacena. O antigo casarão foi reformado e alugado para um comércio, sendo o dinheiro recebido do aluguel gasto com alimentação e educação das crianças.

    Atual moradora do instituto, “Marlene Frinhani” buscando conhecer um pouco da história do Instituto Onda Gomes, visitou em 30 de agosto de 2018, a Sra.Maria Thereza Chaves (Therezinha) esposa, do Dr. Antônio Teixeira Chaves Filho, advogado e benfeitor do Instituto. Em conversa Therezinha confirmou o desejo de Dona Onda Gomes em criar um Instituto com o nome dela. Muitas vezes Dona Therezinha hospedou em sua própria casa as Irmãs até que as instalações do instituto ficassem prontas para residência delas. Recordou saudosa o nome de algumas dessas Irmãs:

    Selma.

    Cira.

    Maria Neuza de São João Batista. Clotilde e Edith.

    Em 10 julho de 2019, ela visitou também o Sr. Antônio Chala Sade em seu museu, o museu Sade fica localizado a rua 15 de novembro defronte a antiga sede do instituto Onda Gomes. As informações do Sr. Sade confirmaram o que outras pessoas já disseram: “uma mulher distinta, bondosa inteligente e determinada”. Disse que o pai dele, Sr.José Sade comprou de Dona Onda Gomes o Hotel Brasil, hotel esse que foi demolido para construção da Casa Sade.

    Em 12 de dezembro de 2018, na festa de Nossa Senhora de Guadalupe, a irmã Marlene Frinhani recebeu a visita de Maria das Graças Aparecida da Silva (Gracinha), ex moradora do instituto, que a entregou alguns exemplares dos jornais da época de Irmã Madalena. Gracinha foi para o Instituto aos dois anos de idade e lá ficou até os quinze anos, depois foi morar com o pai e ficou apenas seis meses. Com dezesseis anos, casou-se com Adão e tem duas filhas Maria Vitória e Isabela. Vivendo a infância e a adolescência no Instituto, Gracinha conta que só tem lembranças positivas por ter recebido muito amor.

    Outra informante foi também a Sra. Suria que, recém casada, morou durante três anos, numa parte do casarão da Rua Quinze de Novembro, Dona Onda dividiu o casarão em três partes: uma para ela, outra para o casal Suria e Urias e outra para uma senhora. Posteriormente, o marido de Dona Suria foi bem sucedido nos negócios e hoje ela é proprietária de um prédio, próximo ao casarão azul.

    A presença fiel da Congregação através das irmãs

    Muitas Irmãs colaboraram com a continuidade da Obra; uma delas deixou marcas profundas de doação e sustentação do sonho de Dona Onda Gomes, foi Irmã Madalena chamada carinhosamente de “Mãe D’alena”, pelas crianças.

    As irmãs que se dedicaram após o falecimento de irmã Madalena foram:

    Carmen de Freitas.

    Nair Cristina da Rocha.

    Rosa Mística.

    Elza Via Crucis, Celina Silveira. Hernestina de Oliveira.

    Magdalena Gomes Pereira (Zoé).

    Ignez da Costa Val.

    Arlete Araújo, Sebastiana Pereira Pires. Júlia Antônia dos Passos

    Vera Maria Teixeira de Carvalho.

    Cor Maria Gonçalves.

    Osmira Gonçalves.

    Alexandrina.

    Janua Coeli.

    Maria Magdalena Silva.

    Cor Maria do Santo Rosário.

    Luciana Flávia Gonçalves.

    Cenira do Carmo Silva.

    Maria Imaculada Resende Pereira. Mariana Lopes de Souza.

    Lucenir Fernanda de Araújo.

    Alenir Pedrosa Aparecida da Silva.

    Emília Gonçalves de Oliveira.

    Michele Zeferino.

    Estão a serviço da Obra atualmente as Irmãs:

    Maria Alexandrina Teixeira.

    Maria das Graças Fernandes.

    Letícia Rodrigues da Silva.

    Marlene Valdevina de Souza.

    Fotos: Arquivo do Instituto Onda Gomes.

    Januário Basílio.

     

     

     

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