• O Ex-Pracinha Barbacenense João Rodrigues da Costa

    Por Guilherme Oliveira

    João Rodrigues da Costa é um pracinha brasileiro barbacenense que traz consigo lembranças da sua participação como “soldado Rodrigues” na II Guerra Mundial. Nasceu em Correia de Almeida, distrito de Barbacena, no dia 14 de outubro de 1923.

    Aos 19 anos teve sua convocação confirmada para integrar as forças expedicionárias, isso no ano de 1942. Essa convocação aconteceu em uma segunda chamada, e a princípio o deixou um pouco assustado, até pelo fato de ele até então nunca ter saído de Barbacena.

    Um curso de tiro que havia feito na cidade de Barbacena no ano de 1940 o ajudou a ingressar nas forças expedicionárias.

    Já integrado às forças expedicionárias, João Rodrigues partiu rumo a guerra. Os soldados tinham a informação de que estavam indo para a guerra, mas não para o local que estavam sendo levados, apenas os oficiais tinham essa informação. Então, João Rodrigues saiu de Barbacena rumo a São João del-Rei, ficando alojado no 11⁰ RI, onde recebeu treinamento e posteriormente pariu para o Rio de Janeiro onde teve um treinamento mais específico, e aí sim partiu com destino a Itália em um comboio de navios.

    A viagem durou 14 dias, do Rio de janeiro a Nápoles, uma viagem bem atribulada. Os soldados eram acomodados no porão do navio, por isso muitos passaram mal. “Muito abafado, muito calor e muito sacolejo”, disse o sr. João. De Nápoles partiram em uma embarcação Americana até Livorno, seguindo para a cidade de São Roscoe, onde se encontrava a base militar que os receberiam. Já em solo europeu João Rodrigues e seus companheiros receberam mais treinamentos com oficiais que já estavam participando diretamente na guerra.

    Uma de suas funções no fronte era a manutenção das linhas de comunicação em específico o telefone já que não era possível usar rádio comunicador por motivo de serem rastreados pelo inimigo. A tensão era constante, atento dia e noite.

    Com a missão cumprida retornou para Barbacena em 1945.

    Antes de sua convocação João Rodrigues trabalhou na lavoura e também na rede ferroviária como auxiliar de topografia. Retornando ao Brasil, deixou a vida militar e voltou a trabalhar na rede ferroviária, posteriormente foi trabalhar no ministério da agricultura na função de prática rural ficando cinco anos no triângulo mineiro até se aposentar. Já aposentado, ele comprou um táxi e trabalhou por alguns anos como motorista.

    Sr João Rodrigues foi um dos primeiros moradores do bairro Jardim em Barbacena. Atualmente reside no bairro São José em companhia de sua esposa e uma de suas filhas.

    O Sr João guarda com muito zelo alguns objetos que representam a vida militar do “soldado Rodrigues”, objetos os quais ele preserva com muita satisfação por ser sobrevivente de um ambiente tão hostil quanto o da guerra.

    Dentre os objetos estão:

    • A farda contendo a insígnia A5, pelo fato de a FEB (Força Expedicionária Brasileira) da 1ª Divisão Brasileira ter sido integrada ao IV corpo do exército americano;
    • A emblemática cobra fumando, que segundo dizem, foi um dito que surgiu no início da II Guerra Mundial como provocação da FEB aos mais pessimistas que diziam: “é mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na Guerra”. A cobra fumou! Foram enviados à Itália cerca de 25.000 homens da FEB, dos quais cerca de 450 não retornaram ao Brasil;
    • A medalha de Campanha conferida aos militares que participassem de operações de Guerra, ressaltando o sentimento de brasilidade, coragem e abnegação;
    • A Dog tag, que são as plaquetas de identificação militar contendo informações como nome, patente, classe, tipo sanguíneo, vacinas tomadas etc;
    • O bibico (dois bicos), item do fardamento que é uma cobertura de cabeça em forma de navio;
    • Algumas notas do dinheiro usado entre os soldados, (chamado dinheiro da guerra).
    • Outros objetivos contam um pouco da vida de João Rodrigues da Costa em sua vida civil:
    • Um Ômega Tissot suíço, relógio de bolso que ganhou de presente de seu pai aos 10 anos de idade;
    • Um estojinho com uma seringa Omega e acessórios de vidro, utilizada quando trabalhou no Ministério da Agricultura, na função de prático rural;
    • Uma placa de taxi imã, relembrando sua atividade como taxista, função que desempenhou por muitos anos sempre fazendo boas amizades;
    • O maior legado de João Rodrigues é inspirar pessoas de todas as idades pelos seu exemplo de fé e de coragem.

    Sobre as fotos:

    Registros de: Guilherme Oliveira.

    Alguns objetos de seu acervo pessoal.

    O mapa demarcado com o trajeto que ele fez na guerra.

    Registro original do navio da marinha brasileira em que viajou para a guerra, registado por um companheiro de jornada.

    O Sr João Rodrigues da Costa hoje aos 98 anos de idade.

     

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