Se você costuma usar a internet com frequência ou até mesmo se é um fã de futebol, é bem provável que você conheça pelo menos uma casa de apostas ou cassino. Especialmente aquelas que oferecem o jogo “fortune tiger” ou como é conhecido popularmente, “jogo do tigrinho”.

Essa modalidade de jogo de azar ganhou muita força no Brasil nos últimos anos, uma vez que, apesar de o cassino ter sido proibido por aqui, não existe nenhuma restrição caso a casa de jogos seja online e tenha sede fora do nosso país. E claro, como nós estamos acostumados a viver a adrenalina de apostar na “Mega da Virada” e tantos outros sorteios que nos trazem a esperança de mudar de vida, não é de se estranhar que as “bet’s” (como são chamadas as casas de apostas) tenham ganhado espaço tão rápido.

Porém, um dado curioso (e no mínimo triste) que foi divulgado recentemente pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostra que 14% da população brasileira participa de apostas enquanto que apenas 2% investe em ações na bolsa de valores e apenas 5% em títulos de renda fixa privada (que é uma modalidade de investimento na qual você empresta dinheiro diretamente para uma empresa visando um retorno mais alto e com a possibilidade de isenção de imposto de renda).

Por que esse dado é tão preocupante?

Bem, provavelmente você já ouviu alguém falando (ou esse alguém pode ser até mesmo você) que investir na bolsa é arriscado, pois, você pode perder dinheiro. No entanto, talvez você não tenha pensado que, ao fazer uma aposta você tem uma chance considerável de perder tudo o que “investiu” caso não acerte seu palpite. Sem contar que, por ter característica de cassino, as casas de apostas tendem a fazer de tudo para que você perca seus valores.

“Ah, mas eu gasto pouco com apostas, se eu acertar com pouco, vai compensar!”. Será que é isso mesmo? Bom, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2023 o gasto médio mensal com apostas do brasileiro foi de R$ 263. Além disso, o mesmo estudo mostrou que 3 em cada 10 apostadores afirmam gastar mais de R$ 100 por mês. Não é atoa que ano passado no Brasil foram gastos mais de R$ 50 bilhões com as bet’s.

E vale lembrar que grande parte desses apostadores são pessoas extremamente jovens, que não necessariamente têm estabilidade de renda e que deviam se preocupar em investir na própria carreira ou até mesmo em construção de patrimônio para uma aposentadoria tranquila no futuro.

Inclusive, o Datafolha aponta que as motivações para o uso de apostas incluem a possibilidade de ganhar dinheiro rapidamente (40%) e a chance de um retorno maior (39%). Ou seja, grande parte do interesse dos brasileiros pelas apostas e cassinos tem a ver com um desejo em enriquecer de forma rápida e fácil que normalmente leva ao resultado totalmente oposto disto.

Os gastos desmedidos com apostas, sobretudo entre os mais jovens, pode causar não somente um problema na vida de cada um deles como também um problema econômico, tendo em vista que muitos desses brasileiros podem “quebrar” ou até mesmo não se desenvolverem profissionalmente como deveriam.

E se eu deixasse de apostar e começasse a investir?

Imagine que você é um jovem de 25 anos (como muitos dos apostadores) e gasta exatamente o valor de R$ 263 por mês com apostas. Porém, você percebe que deseja ter um patrimônio na sua aposentadoria que possa te garantir uma vida tranquila e resolve utilizar esse dinheiro para investir. Qual seria o impacto disso no seu futuro?

Bem, eu fiz uma simulação abaixo. Imagine que você deseja se aposentar aos 60 anos e vai investir esses R$ 263 por mês durante 35 anos com uma rentabilidade média de 0,7% ao mês. Quanto você teria no final?

Para ser mais exato, você teria R$ 665.881,98 aos seus 60 anos. Esse patrimônio seria capaz de te gerar uma renda mensal de R$ 4.661,17. Ou seja, investir não parece tão arriscado assim, não acha? Afinal, para você acumular esse dinheiro com apostas, vai ser preciso muita sorte! Já com investimentos, será necessário apenas paciência.

Como resolver esse problema?

Depende da forma que você pergunta. Se por “problema” você se referir ao problema da cultura da má administração do próprio dinheiro pelos brasileiros, é necessário reforçar a educação financeira e os bons hábitos desde o ensino básico. Isso precisa ser feito não somente na escola, mas dentro de casa com bons exemplos dos pais.

Agora caso a sua dúvida seja sobre sua situação individual, o ideal é correr atrás do prejuízo. Se você não tem mais 25 anos e não começou a investir até hoje, invista! Se precisa organizar sua vida financeira antes de tudo, ou se não sabe nada sobre investimentos procure mais conteúdo sobre o tema na internet ou contrate a ajuda de um especialista, o importante é dar o primeiro passo o quanto antes.

E se essa coluna te deixou com mais perguntas do que respostas, eu estarei à sua disposição para conversar. É só você procurar o meu perfil no post dessa coluna lá no Instagram da Folha de Barbacena.

E para finalizar, se você é um apostador habitual, convido você a assumir um compromisso consigo mesmo. Olhe para o gráfico acima novamente e pense sobre como você poderia estar lidando melhor com o seu dinheiro. Em seguida, prometa a si mesmo que você vai mudar seus hábitos. Certamente o seu futuro agradece!