• Nova espécie descoberta na Mata Atlântica mineira recebe nome de professor da UFSJ

    Uma nova espécie de planta foi descoberta na região de São João del-Rei pelo professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Jone Clebson Ribeiro Mendes. A espécie está alocada no gênero Phyllanthus (que reúne espécies conhecidas como quebra-pedra ou arrebenta-pedra) e recebeu o nome de Phyllanthus sobralii em homenagem ao professor do Departamento de Ciências Naturais da UFSJ (DCNAT), Marcos Sobral. O artigo Duas novas espécies de Phyllanthus (Phyllanthaceae) do Sudeste do Brasil descreve a descoberta, tendo sido publicado na plataforma BioOne, banco de dados que disponibiliza conteúdos nas áreas de ciências biológicas, ecológicas e ambientais.

    Marcos Sobral, professor aposentado do DCNAT, foi o responsável pela coleta do material na cidade de Bom Jardim de Minas, encaminhando as amostras para o herbário da UFSJ. Algumas delas também foram enviadas para o herbário do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, onde Jone Mendes, pesquisador especialista no gênero Phyllanthus, identificou que se tratava de uma planta com características diversas daquelas que conhecia.

    O professor da UFSJ se sentiu lisonjeado com a homenagem, mas destacou a importância da descoberta. “É uma delicadeza das pessoas e agradeço pela homenagem. No entanto, o mérito é todo do professor Jone, que reconheceu a planta como pertencendo a uma espécie completamente diferente das conhecidas até o momento.”

    Jone Mendes explicou que, ao ver as folhas da planta, percebeu traços que o fizeram acreditar que se tratava de uma novidade. “A nova espécie se caracteriza principalmente por suas nervuras proeminentes encontradas nas folhas, assim como a cor exuberante turquesa e os grãos de pólens que colocam a espécie em uma subseção do gênero.” Ao identificar esses atributos, Jone entrou em contato com o professor Marcos Sobral. “O professor Marcos nos encaminhou fotos da planta e do ambiente onde foi encontrada, além de outras informações essenciais para os estudos. Por essas importantes contribuições e por todo seu histórico na área da Botânica, escolhemos homenageá-lo.”

    Além do professor Jone Mendes, da UFRPE, a descoberta se deu em parceria com as docentes Sarah Maria Athiê, Margareth Sales e Rafaela Pereira, e também dos cientistas João Marcelo Alvarenga Braga e Claudio Nicoletti, ambos do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Destaca-se também que Jone Mendes, naquele mesmo artigo, publica uma nova espécie para o estado do Espírito Santo, nomeada de Phyllanthus lilliputianus, em alusão ao tamanho do hábito da espécie, que se compara ao das pessoas (cerca de 15 centímetros) que habitam a fictícia ilha de Lilliput, do romance As viagens de Gulliver, do escritor anglo-irlandês Jonathan Swift (1667-1745).

    Atuação essencial
    O trabalho de mapear as espécies de plantas existentes no Brasil é de extrema importância e é realizado por inúmeros pesquisadores ao longo dos anos. De acordo com Marcos Sobral, atingir um nível adequado de conhecimento da flora brasileira é uma meta que só pode ser alcançada com investimentos intensivos na melhoria das coleções científicas e formação de recursos humanos.

    Em artigo publicado, os pesquisadores Marcos Sobral e João Renato Stehmann mostram que uma média de 169 novas espécies foram descobertas por ano no Brasil, entre 1990 e 2006, ou seja, aproximadamente uma nova espécie descrita a cada dois dias, uma taxa bastante estimulante para taxonomistas. De acordo com o pesquisador, em 2022 foram mais de cem descrições de espécies no Brasil, das quais 30 encontradas em Minas Gerais.

    Marcos Sobral explica ainda que o taxonomista tem por função coletar flores e frutos e incluí-los em coleções de herbários. “Ao realizar a coleta, estamos entregando um material interessante ou não para alguém pesquisar. Os herbários oferecem um legado científico. Como exemplo da importância desses locais, posso citar a descoberta recente de uma nova espécie, da qual a coleta foi realizada há 180 anos.” Esse dado foi confirmado no artigo dos pesquisadores, no qual ressaltam que 133 espécies descritas no período estudado (5,6%), integravam coleções de mais de 50 anos. “O que nos mostra que, além de examinar as coleções recentes, os botânicos também investem seu tempo na revisão de espécimes antigos em herbários, espécimes que não haviam sido previamente examinados”, escrevem.

    O professor Jone Mendes enfatiza ainda a relevância das atividades desempenhadas pelos taxonomistas. “Esses estudos fortalecem a importância da pesquisa científica para o conhecimento da biodiversidade da flora dos nossos biomas, uma vez que muitas novas espécies, incluindo possíveis fármacos ou substâncias, podem ser encontradas.” É fundamental, na opinião do pesquisador, a necessidade do financiamento científico nessas pesquisas, que culminam em tais descobertas.

    Com informações da UFSJ

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