• Lula indica Galípolo ao Banco Central: O que isso significa para a economia?

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    Foto: Roque de Sá/Agência Senado

    Estamos de volta depois do período eleitoral! Aliás, mais surpreendente que o meu retorno foram as eleições em Barbacena, não é mesmo? Mas, voltando ao assunto, o Senado Federal aprovou esta semana a indicação de Gabriel Galípolo, feita pelo presidente Lula, para assumir a presidência do Banco Central do Brasil.

    Se você é atento a assuntos econômicos, talvez tenha se perguntado sobre o que esperar do novo presidente. Agora, se você não costuma acompanhar notícias, pode estar pensando: “Quem é Galípolo?”. Nos dois casos, te convido a seguir comigo para que possamos entender melhor o assunto.

    Banco Central do Brasil

    Você provavelmente sabe, na prática, o que é inflação. Tenho certeza de que viu de perto o azeite de oliva se tornar quase um produto de luxo ou até mesmo a gasolina, que subiu de preço e nunca mais voltou para o que era.

    Enfim, quando viver se torna mais caro, temos a inflação! E, claro, ninguém gosta de ter que lidar com este tipo de situação. Por isso mesmo, o Banco Central do Brasil – BACEN – é um órgão independente do governo federal que tem entre as suas missões a responsabilidade de manter a inflação controlada no país.

    E como fazer isso? Existem várias formas, mas todas elas giram em torno de controlar a quantidade de dinheiro em circulação no país e facilitar ou dificultar o acesso da população a empréstimos, dependendo do cenário que o BACEN estiver buscando.

    Pois bem, atualmente, o BACEN tem um presidente nomeado para um mandato de 4 anos, e cada vez que este tempo expira, cabe ao presidente da república indicar um novo administrador que deverá tomar posse após aprovação do Senado.

    No caso atual, o indicado de Lula é o economista Gabriel Galípolo, que atualmente já exerce um cargo na diretoria do banco e já teve passagens pelo Governo de São Paulo, Banco Fator e Ministério da Fazenda.

    Porém, a nomeação de Galípolo gerou dúvidas e preocupações entre especialistas, uma vez que ele foi indicado pelo presidente Lula, que tem um histórico de pressionar o BACEN a diminuir a taxa de juros no Brasil. Vale dizer que o controle dos juros é uma das principais formas de o banco administrar a inflação, pois quando ele sobe a taxa, os empréstimos ficam mais caros e, consequentemente, há menos pessoas consumindo e menos estímulo para o aumento de preços, o que gera a inflação.

    Em outras palavras, havia uma preocupação de que o novo presidente do BACEN pudesse administrar a instituição com base nos interesses do governo e, consequentemente, gerar resultados indesejados para o país.

    Mas será que é isso tudo mesmo?

    Gabriel Galípolo

    Provavelmente você conhece uma pessoa que está sempre “em cima do muro”. Sabe aquele seu amigo que fala tudo para agradar a todos? Ou seja, quando ele está com alguém que acredita que a COVID foi um problema para a saúde pública, ele defende a vacina; já quando conversa com pessoas que criticam as medidas tomadas, ele diz que foi um exagero e que a vida deveria ter seguido normalmente.

    Ou seja, ele está sempre “isentão”, buscando ter uma boa relação com todos, mas no final não toma nenhum lado, e ninguém sabe o que ele realmente pensa.

    Pois bem, eu não sei se você é amigo do Galípolo, mas também não sei exatamente o que ele pensa.

    Se analisarmos a história recente dele, vemos que ele foi ligado ao ministro Haddad, se tornando o número dois do ministério e tendo escrito, inclusive, um artigo sobre uma moeda comum do Mercosul em parceria com Haddad.

    Por outro lado, houve momentos em que Galípolo esteve contra o governo, como, por exemplo, quando votou para que a taxa de juros no Brasil ficasse em 10,5% ao ano, em meio às críticas de Lula.

    Ou seja, parece ser alguém que pensa como o governo… Porém, nem tanto.

    Mas isso é ruim?

    Não necessariamente! Quantas vezes você já conheceu alguém que achou estranho no princípio, mas depois descobriu que era uma ótima pessoa?

    A questão é que vamos descobrir isso na prática, e as consequências – boas ou ruins – afetarão diretamente nossas vidas.

    É fato que o Banco Central tem autonomia, e uma vez que Galípolo inicie seu mandato, ele não terá nenhuma obrigação de fazer o que o governo quer, a menos que ele acredite que este seja o melhor caminho.

    Os investidores e o mercado financeiro veem o novo presidente com bons olhos, acreditando que ele será mais técnico do que político. Eu gosto de lembrar que o Banco Central não é feito somente do presidente, e ele sequer tem poder de decisão sozinho. Na verdade, as decisões importantes são tomadas por um conselho de 9 pessoas, sendo que o presidente só vota em caso de empate.

    Por isso mesmo, acredito que no curto prazo nada mudará de maneira muito relevante. Resta apenas torcer para que Gabriel Galípolo faça um bom trabalho e ajude o nosso país a caminhar para um lugar melhor.

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