• Jornalista da Folha de Barbacena que acompanhou show da Taylor Swift relata problemas enfrentados no primeiro dia da turnê da cantora no Brasil

    O evento foi marcado por diversos problemas que ganharam repercussão em todo o país

    Foram muitos anos de espera até que os fãs de Taylor Swift tivessem a chance de vê-la em solo brasileiro performando suas músicas em uma de suas grandiosas turnês. A preparação para recebê-la, que contou com homenagens no Cristo Redentor e a confecção das pulseirinhas da amizade por parte dos intitulados “Swifties”, marcou o início da realização do sonho de muitos, mas a desorganização e o descaso transformou a The Eras Tour em uma grande tragédia.

    O primeiro show da cantora no Brasil, aconteceu no Rio de Janeiro na última sexta-feira (17/11). Com a forte onda de calor enfrentada pelo país, o Sistema Alerta Rio, estação meteorológica da Prefeitura, registrou às 10h20 na Zona Oeste da cidade a sensação térmica de 59,3 graus, sendo esta a maior marcação desde 2014, quando foi iniciada a medição. A temperatura extrema foi a responsável por diversos desmaios durante o show, além de queimaduras de 2º grau e a morte de uma estudante de 23 anos.

    A jovem Ana Clara Benevides cursava Psicologia na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), no Mato Grosso. Amigos da vítima que estavam com ela no evento relataram que a estudante tinha por objetivo ser uma das primeiras a entrar no local para que assim pegasse um lugar próximo a grade do palco e por esse motivo entrou na fila por volta das 11h — a abertura dos portões do estádio Nilton Santos, o Engenhão, estava marcada para acontecer a partir das 15h. De acordo com eles, ela teria desmaiado quando Taylor começou a cantar a faixa “Cruel Summer”, sendo esta a segunda da setlist. 

    Os fãs foram proibidos de entrar no estádio portando leques que poderiam ajudar a aliviar o calor, bem como garrafas d’água, sendo que a única forma de se hidratar era comprando copos de 220 ml pelo valor de R$ 8, que muitas vezes não chegavam a todos que ali estavam. Em diversos momentos os fãs gritavam por água, de forma que a cantora precisou interromper a apresentação e indicar onde eles estavam para que assim tivessem acesso. Além disso, Taylor também pediu aos seguranças próximos ao palco que distribuíssem para os que estavam na grade, tendo ela mesma também jogado garrafas para aqueles que não tinham acesso.

    Após a morte de Ana Clara Benevides, a Time For Fun (T4F), produtora responsável pela realização dos shows de Taylor Swift no Brasil, autorizou a entrada de copos de água lacrados e garrafas plásticas flexíveis no Estádio Nilton Santos sem limitação de itens por pessoa. Em nota também foi informado que “cerca de 200 colaboradores extras irão se somar aos 1.230 profissionais que estão trabalhando no evento desde o início, entre seguranças, brigadistas, orientadores de público e outros. Além disso, a estrutura de atendimento médico foi reforçada, totalizando oito postos médicos disponíveis, oito ambulâncias  e oito UTIs móveis”.

    Segundo a empresa, será fornecida água gratuita nas filas e acessos do estádio, o que antes não estava acontecendo. No último sábado (18/11), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou que a partir de agora deve ser permitida a entrada de garrafas de água para uso pessoal em shows, bem como a obrigação de que produtores forneçam água de graça ao público.

    As medidas, ainda que válidas, não deveriam ser as únicas tomadas para impedir que a situação volte a acontecer. Os demais problemas enfrentados poderiam ser facilmente evitados após uma revisão na forma de organização de shows no Brasil. Em outros países é comum ver a disposição de cadeiras numeradas, permitindo assim que o público consiga transitar com tranquilidade antes e durante o show para ir ao banheiro, comprar comida e água, além de poupar que os fãs se submetam a filas exaustivas e gigantescas desde cedo, uma vez que há a garantia dos assentos marcados, não havendo a necessidade de briga por lugares próximos à grade. A estrutura foi adotada durante os shows do cantor canadense Shawn Mendes em 2019 e funcionou perfeitamente, diminuindo assim a aglomeração e garantindo o espaço pessoal que é inexistente em setores como a Pista Comum e Premium. Afinal, de nada adianta a garantia do fornecimento de água gratuita para o público se não houver acesso a ela.

    Por Isabella Paolucci

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