
João Tostes lança “The Curupira Concert”, gravado ao vivo em 2018
Gravado em 2018 no Instituto Curupira, álbum resgata momento decisivo da trajetória do artista e valoriza a integridade do registro ao vivo

Nesta quarta-feira (31/12), o ukulelista, compositor e educador João Tostes lançará o álbum The Curupira Concert. O registro foi captado em 30 de junho de 2018 no Instituto Curupira, localizado dentro da Casa da Cultura de Barbacena. A obra resgata um momento decisivo de sua trajetória artística e propõe uma experiência de escuta baseada na autenticidade e na memória.
Gravado pouco antes das turnês que consolidariam sua circulação internacional, o álbum tem o objetivo de documentar um artista em plena maturação estética. Mais do que um simples registro ao vivo, The Curupira Concert funciona busca ser um retrato fiel do período, apresentando um repertório que dialoga com as raízes da música instrumental brasileira a partir de uma formação de câmara: João Tostes (ukulele), Felipe Moreira (piano) e Diogo Fernandes (baixo).
Integridade artística e memória
Em um contexto marcado por produções moldadas para o consumo rápido e por algoritmos de streaming, The Curupira Concert escolhe a integridade do registro sonoro. A produção optou por preservar a respiração real do show, as interações com a plateia e a dinâmica natural do trio, mantendo a verdade do palco em contraponto à produção excessivamente polida do mercado atual.
“Este álbum é um compromisso com a verdade daquela noite. É um show comentado, com seus riscos e suas emoções reais. Optei por preservar o registro sem filtros, valorizando o ao vivo como um gesto de memória e continuidade, priorizando a emoção do momento sobre a perfeição plástica de estúdio”, afirma João Tostes.
A captação, a mixagem e a masterização do álbum são assinadas pelo próprio artista, como parte dessa decisão estética de preservar o caráter histórico do concerto.
O cenário como parte da obra
A fotografia de capa, assinada por Hilreli, registra o cenário original do concerto, concebido por João Tostes como parte integrante da obra. O espaço cênico foi construído a partir de armações de pipas, elemento que atravessa o show não como decoração, mas como provocação poética.
Durante o concerto, o artista comenta o cenário e convida o público à reflexão, propondo perguntas diretas sobre escolhas, caminhos e tensões que moldam cada trajetória. A pipa surge como metáfora visual de fragilidade, movimento, risco e liberdade, ampliando o concerto para além do som e transformando-o também em gesto, imagem e pensamento.
Destaques do repertório
Conduzindo o ukulele como voz solista, abordagem desenvolvida a partir de uma trajetória musical de mais de 25 anos e consolidada ao longo de 15 anos de dedicação ao instrumento, João Tostes e seu trio transitam entre obras autorais e releituras da tradição brasileira, com arranjos que exploram liberdade formal, densidade harmônica e a chamada ginga brasileira.
Entre as composições próprias, destaca-se Delicato ukulele, amplamente reconhecida como referência do instrumento no Brasil contemporâneo e frequentemente citada como o hino brasileiro do ukulele. A peça figura entre as obras mais executadas de sua carreira, com audições registradas em mais de 140 países e presença constante nos pedidos do público em shows realizados em diferentes cidades e países.
O repertório inclui ainda leituras pessoais de clássicos da música brasileira, como Flor Amorosa (Joaquim Callado), Berimbau (Baden Powell e Vinícius de Moraes), Brasileirinho (Waldir Azevedo) e Gaúcho (O Corta-Jaca) (Chiquinha Gonzaga), revisitados a partir de uma perspectiva camerística, sem percussão, em diálogo direto com a linguagem do trio.
Os interessados podem ouvir o álbum clicando aqui.



