• Família afirma que paciente que morreu com exame positivo para dengue em Barbacena recebeu alta mesmo estando debilitado

    O paciente havia sido internado no Hospital Regional e faleceu na madrugada da última segunda-feira (29/01)

    Na manhã de hoje (02/02), foi confirmada em Barbacena a primeira morte de um paciente com dengue em 2024. A família do paciente entrou em contato com a Folha de Barbacena (FB) para falar sobre o atendimento recebido no Hospital Regional. A maior crítica trata-se do tratamento adotado pelo hospital. De acordo com eles, ainda que o homem de 54 anos estivesse debilitado apresentando dificuldades para andar, falar e confusão, ele teria recebido alta por parte dos médicos.

    O paciente que possuía transtornos mentais foi levado até o Pronto Atendimento pela primeira vez no dia 18 de janeiro após perceberem que ele estava tremendo e com problemas para andar. De acordo com a família, o médico teria receitado uma pomada e pedido que ele fizesse uma ultrassom da bolsa escrotal, liberando sua ida para casa. Uma familiar, ouvida pela Folha de Barbacena, relatou que foi informada que ele estava bem.

    O rapaz teria sido levado para receber atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde houve uma alteração nos medicamentos com a espera de uma melhora. O quadro, no entanto, se tornou pior e ele foi levado novamente à instituição, onde recebeu uma injeção com previsão de melhora para o dia 23/01.

    No sábado, 20 de janeiro, o paciente ficou ainda mais debilitado, já não conseguindo mais andar ou falar, além da dificuldade para respirar. “Levei ele para o Regional e já colocaram aquela pulseira de atendimento de emergência. Eles entraram com ele para a sala vermelha e eu fiquei aguardando do lado de fora. Depois, quando saíram, colocaram ele na cadeira, colheram o sangue e fizeram exames, colocando no soro e tudo. O médico chegou perto de mim e falou que daria alta porque fizeram os exames e não conseguiram ver nada”, afirmaram parentes da vítima.

    Ainda de acordo com essa fonte, foi então levantado pelos familiares a possibilidade de intoxicação por Lithium devido ao remédio controlado, uma vez que a irmã do paciente já esteve internada em decorrência dos mesmos medicamentos por ele usados. O médico então teria informado que a instituição não realizava o exame para atestar o caso naquele dia e por isso ele deveria ser levado para a casa e na segunda-feira buscar a análise.

    “Eu falei que ele não estava nem andando, confuso e sem falar, que ele iria morrer lá dentro, então ele disse para esperar que buscaria um neuro para dar uma olhada. Esperamos, eu entrei com ele no hospital no sábado de manhã cedo, falaram que o neuro iria passar por volta das 16h. O neuro não passou no sábado, não passou no domingo e na segunda-feira fizeram mais exames, falando que ele iria ficar internado na enfermaria”, relataram à FB.

    Segundo a família, a médica informou que estavam verificando se ele estaria intoxicado pelos remédios, afirmando que ele poderia estar evoluindo para uma pneumonia que ele poderia ter pegado no hospital.

    Na noite do dia 27 de janeiro, sábado, o paciente foi encaminhado para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) em estado grave. “Depois de meia hora o enfermeiro saiu do CTI e falou que ele estava com uma síndrome pela intoxicação de remédios que ele usava há longo tempo e eu fui embora me perguntando se o CAPS não tinha visto que era remédio demais”, relatou.

    Foi no dia seguinte durante a visita que foi informado que ele havia tido hemorragia e por isso estava sendo levantada a hipótese de que seria uma dengue hemorrágica. “Mas como? Ele passou pelo Regional e deram alta para ele. Quando ele voltou, iriam dar alta de novo e ninguém comentou nada de dengue, foi feito exame durante a semana inteira, não era para eles estarem sabendo o que estava acontecendo? Por que não descobriram isso antes? Estavam colocando medicamentos nele para pneumonia, para intoxicação de remédios. Será que ele não recebeu medicamentos que não poderia ter sido colocado porque ele estava com dengue e eles não sabiam? É isso que eu queria entender”, questionaram.

    A FB entrou em contato com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que divulgou a seguinte nota:

    “A direção do Complexo Hospitalar de Barbacena (CHB) se solidariza com a família do paciente que veio a óbito em decorrência de dengue hemorrágica, e se coloca à disposição para recebê-la e esclarecer dúvidas sobre o atendimento. As informações sobre o caso estão sendo processadas, em função dos desdobramentos necessários em casos de doenças com notificação compulsória, e acompanhadas também pela Vigilância Epidemiológica e pela Secretaria Municipal de Saúde de Barbacena. Respeitando-se o sigilo do prontuário, podemos informar que a gravidade do caso mobilizou a equipe, que seguiu todos os procedimentos assistenciais necessários para assegurar o devido tratamento”.

    Por Isabella Paolucci

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