• Especialista afirma à Folha de Barbacena que objeto avistado no céu pode ser lixo espacial

    Uma nova abordagem foi apresentada pelo astrônomo Marcelo De Cicco, astrônomo e coordenador do EXOSS, projeto de monitoramento de meteoros parceiro do Observatório Nacional, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação

    Foto: Ramon Carlos, OPD/LNA | Registro feito pelo observatório do Pico do Dias (OPD) do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) do MCTI, imagem feita pela câmera tipo All Sky

    Na noite desta segunda-feira (19/06), um objeto luminoso se movimentando no céu de Barbacena e também de outras cidades foi avistado por diversas pessoas, que através de seus registros do possível “meteoro” causaram grande alarde nas redes sociais. Buscando esclarecer o fenômeno, a Folha de Barbacena entrou em contato com Marcelo De Cicco, que é astrônomo e coordenador do EXOSS, projeto de monitoramento de meteoros parceiro do Observatório Nacional (ON), ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

    Segundo o especialista, o objeto registrado pelas imagens tem possibilidade mínima de se tratar de um meteoro ou bólido, como é chamado meteoros brilhantes ou qualquer grande corpo formador de cratera. “[Este] foi um objeto bem brilhante que passou a mais ou menos uma velocidade lenta se comparado a meteoros ou bólidos. A gente acredita fortemente que seja lixo espacial. Isso pode ser originado por algum objeto que a gente não conseguiu detectar a visibilidade de reentrada, pode ser um objeto não catalogado. Pelas características, velocidade, luminosidade e fragmentação, parece muito com a reentrada de lixo espacial Existe a probabilidade menor de ser um meteoro, um bólido, mas seria uma probabilidade muito baixa. Com um índice de certeza maior, é lixo espacial”, explicou.

    A classificação como lixo espacial também explicaria o motivo de não terem sido localizados meteoritos, isso porque estes detritos se desintegram totalmente na atmosfera. “Ele é transformado em luz e calor devido ao atrito cinético na atmosfera, vai se pulverizando e se desintegrando, se tornando um objeto luminoso e raramente algum pedaço maior sobrevive caindo no chão. É mais difícil, mas pode acontecer. Se fosse um bólido, poderia gerar um meteorito, mas é uma pequena probabilidade”, contou o astrônomo.

    O Coordenador do EXOSS afirma que a quantidade de objetos em órbita próximos à Terra tem aumentado significativamente a cada ano. Em entrevista à FB, ele explicou que existem três tipos de órbitas, sendo a baixa, a média e a alta. Nas órbitas baixas e médias, encontram-se satélites com vida útil mais curta em comparação aos localizados em órbitas altas. A ocupação dessas órbitas inferiores tem se tornado mais frequente e acessível, o que tem contribuído para o aumento do lixo espacial.

    Em entrevistas anteriores, De Cicco já havia alertado para essa tendência e enfatizado que a visualização desse tipo de destruição espacial na atmosfera será cada vez mais comum, especialmente com o crescimento das constelações de satélites que precisam ser substituídas ao longo do tempo. Ele afirma que esse será o futuro que enfrentaremos: um mundo conectado em alta velocidade, porém, com a desafiadora realidade de uma atmosfera terrestre cada vez mais inundada por esses objetos.

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