Por Flávio Maciel.

Se você foi criança ou adolescente nos anos 90 é certo que já esbarrou com o carismático Crash Bandicoot. Na guerra dos consoles de videogame, as japonesas Sega e Nintendo disputavam o mercado e contavam com seus personagens Sonic e Mario para atrair os consumidores. Foi quando, após a parceria com a Nintendo fracassar, que a Sony decidiu entrar na jogada, lançando nada menos que o PlayStation.

Surge um novo mascote

O páreo era duro, já que o porco espinho azul e o encanador italiano estavam presentes na maioria dos lares e era preciso um concorrente de peso para desbancá-los, mas a Sony comprou a briga. Em 1996 chegou ao PlayStation Crash Bandicoot, um marsupial divertido e bem maluco que chamou a atenção dos jovens da época. Desenvolvido pela americana Naughty Dog, que anos depois viria a desenvolver os aclamados Uncharted e The Last of Us também para a Sony, o game de plataforma explodia de novidades graças ao ambiente em 3D e o carisma do personagem. 

Mas era preciso mais para desbancar a líder do mercado Nintendo. Com forte inspiração no sucesso Mario Kart 64 e Diddy Kong Racing para o Nintendo 64, a Naughty Dog criou Crash Team Racing, CTR para os íntimos. O game trazia toda a turma de personagens dos jogos de plataforma para disputas de Kart cheias de trapaças e momentos divertidos, mas não era uma simples cópia dos games existentes na concorrente Nintendo, ele possui muitos diferenciais que o destacava e com certeza ajudaram a estabelecer o sucesso da franquia.

Ainda na geração do PlayStation 2, GameCube e Xbox a Naughty Dog vendeu os direitos da franquia para a Actvision, famosa pelos games de tiro Call of Duty e por ser proprietária atual da Blizzard, desenvolvedora de World Of Warcraft e Overwatch, que parecia ter perdido o interesse nos games do marsupial.

O mesmo velho motor, mas com lataria renovada

Anos e vários jogos de gosto duvidoso depois, a franquia Crash Bandicoot já não estava tão em alta, sendo mais reverenciada pelo seu passado do que pelo que poderia vir no futuro. Foi quando em 2015, em uma conferência para a imprensa na feira anual E3, a Sony revelou que Crash estava voltando. Os três primeiros games da série seriam remasterizados e relançados para os consoles atuais, com direito a gráficos modernos e sons atualizados. Nem precisa dizer que foi um sucesso.

Com a resposta positiva do público para a trilogia remasterizada, era questão de tempo para que CTR também fosse relançado com visuais aprimorados. Em 2019 a Beenox Studios, através da Activision lançou Crash Team Racing: Nitro Fueled para PlayStation 4, Xbox ONE e Nintendo Switch.

A proposta era a mesma da trilogia original: trazer o game antigo com novos visuais para os consoles modernos mantendo a jogabilidade intacta, mas fizeram um pouco mais. 

Além do CTR, o novo jogo adiciona elementos e pistas presentes na sequência que foi lançada para PlayStation 2, assim como personagens inéditos e novas opções de carros e Karts. As corridas são parecidas com as do jogo de 1999, mas graças aos gráficos modernos a beleza salta aos olhos.

Independente da plataforma usada para jogar, o game possui visuais belíssimos que deixam qualquer um impressionado. A iluminação e efeitos especiais causam impacto nos cenários que possuem elementos que se movimentam e interagem entre si, deixando uma sensação de vida para os ambientes. Um espetáculo para os olhos e vale a pena ser conferido.

Atenção nas derrapagens

As corridas não sofreram modificações em jogabilidade. Na época de seu lançamento existiam pessoas que preferiam Mario Kart e alguns preferiam o CTR. Atualmente é possível perceber que os anos de diferença entre o lançamento da Nintendo e o da Sony fizeram bastante diferença para a Naughty Dog que aprendeu com os erros da concorrente e aprimorou seu jogo ao máximo. Com uma jogabilidade que envolve tempo certo para acionar o turbo dos carrinhos e ganhar mais aceleração, hoje é perceptível o quanto CTR é superior ao Mario Kart 64. Atualmente, a franquia Mario Kart se encontra em seu oitavo capítulo e passou por bastante melhorias e evoluções ao longo dos anos e é um game bem melhor que CTR, mas lá em 1999, Crash era superior sem dúvidas.

Imagens capturados no console Nintendo Switch em modo portátil

A prova disso é que Nitro Fueled ainda funciona e é tão divertido como no período que foi lançado. Carregando a dificuldade característica da franquia, o game exige conhecimento prévio das fases, habilidade nos controles e muita, muita sorte. O balanceamento não é dos melhores e muitas vezes o jogo frustra por deixar seus rivais correndo mais que você ou até mesmo não tendo precisão na hora de executar pulos ou manobras, causando quedas e erros que não são culpa do jogador. 

Apesar desses problemas, com o tempo é possível se acostumar e entender o que fazer para contorná-los, o que acaba se tornando uma mecânica extra.

Imagens capturados no console Nintendo Switch em modo portátil

Juntando os amigos, online também

 Os consoles modernos estão o tempo todo conectados a internet, portanto seria um desperdício não colocar Crash na rede. O modo online é competente e divertido, o mais difícil é encontrar jogadores aleatórios para jogar, e isso acontece independente da plataforma. O game foi analisado no PlayStation 4 e Nintendo Switch, ambos encontrei dificuldade de encontrar partidas. Mas a melhor opção sempre será juntar os amigos, seja online ou no mesmo console, com a tela dividida em até quatro jogadores. O famoso multiplayer de sofá ainda é a melhor forma de se divertir jogando Crash, depois do modo história, claro. 

 

O corredor mais rápido do planeta

Direto ao ponto, o modo história coloca o jogador para competir em corridas para ver quem é o mais rápido da terra e enfrentar Nitrous Oxide. Caso vença, o vilão pretende destruir nosso planeta, e cabe a você impedir que isso aconteça ganhando de todos os inimigos até enfrentar o grande chefão. A premissa é simples mas o modo é divertido e criativo, mesmo que inspirado em Diddy Kong Racing do Nintendo 64, carrega grande carisma e originalidade.

,Com o dever de trazer o passado de volta, mas com aquele pezinho, ou melhor, “pézão” no futuro, Crash Team Racing: Nitro Fueled cumpre o papel de agradar os fãs antigos e atrair novos, algo tão desejado para os desenvolvedores atuais. A Beenox Studios conseguiu capturar a essência do game original e aprimorá-la. Uma pena que não mexeu em alguns pontos que eram frustrantes na época e continuam nessa nova versão. 

 

 

Seja você fã de longa data do Marsupial maluco ou esteja chegando agora nas aventuras de Crash e seus amigos, CTR é diversão na certa. E se curtir, não se esqueça de buscar os outros games da série, como o N´Sane Trilogy e Crash Bandicoot 4: It´s About Time

Imagens capturados no console Nintendo Switch em modo portátil