• BR-040 é considerada a rodovia mais mortal do país

    Com pistas duplicadas em apenas 268 quilômetros dos 850 totais, representando 31,5% da extensão, a rodovia BR-040, em Minas Gerais, entre o Rio de Janeiro e Goiás, se tornou uma das vias que mais requerem atenção dos motoristas neste fim de ano e início de 2023.

    Principalmente com a previsão da Defesa Civil mineira de que o volume de chuvas pode ser maior que o da temporada passada, quando um trecho em Nova Lima chegou a ser engolido pelo transbordamento da barragem da Vallourec, em janeiro. Em processo de licitação, os números de 2021 mostraram que a estrada é a mais mortal do país, com uma pessoa perdendo a vida a cada 12 acidentes, mais violenta que a BR-381, a Rodovia da Morte, com uma morte a cada 14,7 acidentes.

    Para uma rodovia que sofria com os acidentes e retenções do desativado (2010) Viaduto das Almas (Viaduto Vila Rica), em Ouro Preto, a situação mudou pouco para quem trafega pela BR-040 no segmento entre BH e Rio de Janeiro, uma vez que o trecho de 70 quilômetros entre Nova Lima, Itabirito, Ouro Preto, Moeda, Congonhas e Conselheiro Lafaiete continua apresentando mais obstáculos, perigos e acidentes.

    Uma das maiores reclamações é quanto ao tráfego pesado de carretas carregadas de minério e suspeitas de insuficiência das drenagens da via, acusações trocadas em inúmeras audiências públicas por representantes da concessionária Via 040 e das empresas de extração mineral. Com o entupimento de canaletas e grelhas pluviais, são frequentes os alagamentos, a degradação da pista e também a progressiva destruição das bases da estrada pela erosão.

    Em audiência pública na Câmara de Congonhas, em 6 de dezembro de 2022, os vereadores cobraram melhorias na drenagem, sobretudo no km 619, entre os bairros Pires e Jardim Profeta, que sofrem com os alagamentos. “Basta chover que a estrada se torna pura lama. Parece que estamos atravessando uma estrada rural, de terra e não de asfalto. A via encobre os buracos e obriga que os motoristas imprimam uma direção muito mais cautelosa. Quando a chuva passar, tudo vai virar uma cortina de poeira. Passou da hora de as mineradoras e a Via 040 fazerem alguma coisa, antes que mais tragédias ocorram”, cobra o diretor da União das Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza.

    SINUOSO

    Dentro dos 70 quilômetros mais críticos, há ainda outros trechos que ficaram conhecidos pelos acidentes. Um dos mais perigosos fica em Itabirito, no km 588. Trata-se de um segmento sinuoso, que termina com a forte curva do Ribeirão do Eixo, onde muitos veículos, sobretudo de carga, entram em velocidade incompatível e acabam se acidentando. Bem próximo, a Curva do Cavalo, também em Itabirito, no km 596, ainda é conhecida pelos desastres.

    Os viadutos em curva sobre as cidades de Santos Dumont e Simão Pereira também são dignos da atenção dos motoristas, bem como curvas mais exigentes com históricos de acidentes em Cristiano Otoni (km 656), Barbacena (kms 712 e 717), Santos Dumont (km 741), Ewbank da Câmara (km 758) e Matias Barbosa (km 815). No Rio de Janeiro, a subida da Serra de Petrópolis, no sentido Belo Horizonte, inspira cuidados por ter pistas estreitas, ainda que duplas, e não ser dotada de acostamentos. Neblina e nevoeiro também são frequentes, sobretudo nesta época do ano.

    Transporte de cargas compromete o asfalto

    O tráfego pesado também é uma marca da saída de Belo Horizonte para Brasília pela BR-040. Ainda que apenas em 110 quilômetros, até Curvelo, as pistas sejam duplicadas, esse é um dos segmentos mais críticos, pois a estrada concentra acessos a bairros, empresas, comércios, pontos de transporte coletivo e travessias de pedestres de bairros populosos da Grande BH, especialmente em Contagem (Morada Nova, Jardim Bandeirantes, Vila Paris, Kennedy, Ceasa, São Sebastião, Novo Boavista e Parque Industrial) e Ribeirão das Neves (Liberdade, San Marino, Vereda, San Remo, Jardim Colonial, Veneza, Florença, Vale das Acácias, San Genaro), o que inspira muito cuidado de viajantes, condutores de cargas pesadas e de passageiros.

    As fortes chuvas que marcaram o início do ano comprometeram várias bases dessa estrada que precisaram ser reforçadas. Muitos trechos de acostamento foram engolidos por erosões e também foram reparados, mostrando os danos que chuvas dessa intensidade podem trazer.

    A principal reclamação dos motoristas até Sete Lagoas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, é a pista escorregadia por derramamento constante de cargas, como carvão e minério destinados às siderúrgicas, o que termina com carros e carretas sofrendo derrapagens e se acidentando fora da pista ou na valeta central que separa as duas mãos de direção.

    Tanto no sentido Rio de Janeiro quanto para Brasília, várias obras de drenagem, reconstituição do pavimento e melhoria de sinalização demandam estreitamento de pistas e regime de siga e pare.

    A concessionária Via 040 destaca que as intervenções retornam amanhã (25/12). “Em continuidade ao trabalho de manutenção da rodovia BR-040, a Via 040 está atuando em diversos pontos do trecho concedido. Atividades que demandam maior atenção do motorista pela possibilidade de retenções no trecho. As atividades de melhorias em sistemas de drenagem estão intensificadas no período de chuvas.”
    No trecho do entorno do DF e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, as obras com alteração de tráfego (estreitamento) são executadas entre as 21h e as 5h. Atividades e demais serviços nos trechos são executados entre as 7h e as 17h.

    Com informações do Estado de Minas

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