Apenas um desabafo
Por George Loez
Bem,
Muito improvável que me vejam deste jeito, porque este é um semblante muito particular.
Bem diferente do que tenho que apresentar.
Tenho que satisfazer o outro.
Não que me desagrade!
Muito pelo contrário, gosto do que faço, só não posso esquecer quem sou.
Minha identidade tem de ser preservada, minha integridade também.
Talvez por isto o motivo de esconder a face.
Só lamento que a minha penúria sentimental não possa ser demonstrada, é uma das condições humanas.
Tenho que guardar à minha dor
Pois
Se eu gritasse
Estaria louco!
Se eu chorasse
Não teria sentido algum!
Este é o julgo que me define.
Por favor entendam não sou apenas o que exerço.
Dentro da coexistência, sou um homem sentimental.
Falo não apenas do “eu” mas sobre qualquer um, independente da área que trabalhe.
Atuo no meu teatro social, aonde o palco não tem dimensões exatas.
Ninguém paga para assistir o sofrimento de ninguém não é mesmo?
Talvez eu sim!
E reverter este estado é o trabalho que escolhi.
E no meu momento de dor, e como se estivesse na coxia do mundo, bem atrás das cortinas que encobrem o homem do personagem
E as expectativas estão muito além do homem.
Perdemos a identidade, atrás da máscara.
Fico tanto tempo sem ver meu verdadeiro rosto,que me preocupo.
Cadê minha individualidade?
Eu tenho minhas inseguranças acreditem! Mesmo que não se importem.
Não sou apenas o que visto!
Mas então!
A verdade é que ninguém está disposto a me ver chorar.
Já que o meu papel e de fazer sorrir, alguém que de certa forma também possa estar tão cansado quanto eu.
Esqueçam o lamento do palhaço!
E apenas um desabafo de quem é pago para fazer sorrir.
Respeitável público!
Sorriam!
Abram as cortinas eu tenho que representar.
(Do meu livro: Escultor de Frases)
(Uma Resposta para o Mundo)