• Abril Azul: Mês de conscientização do autismo

    Abril é o mês escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para chamar a atenção para a conscientização mundial sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora o termo “autismo” já esteja bastante popularizado, muita gente ainda tem dúvidas sobre este transtorno, que costuma ser identificado nos primeiros anos de vida da criança.

    São muitas as variáveis comportamentais, além de fatores neurológicos, que podem afetar os portadores do TEA, e que ainda são um grande desafio para os especialistas, tanto no que se refere ao diagnóstico, quanto ao prognóstico e reabilitação de pacientes. Crianças com autismo podem apresentar dificuldades na comunicação, na capacidade de aprender e na adaptação, influenciando suas relações sociais ou afetivas.

    Para esclarecer as dúvidas sobre o TEA, conversamos com a Acadêmica da Faculdade de Medicina de Barbacena (FAME), Valeska Magierek, que também é Neuropsicóloga e Diretora Clínica do Centro AMA, especializado no atendimento interdisciplinar de crianças com alterações no desenvolvimento.

    Como se faz o diagnóstico do TEA? O Transtorno do Espectro Autista tem alguns critérios estabelecidos que auxiliam na identificação precoce. Segundo o DSM-5 – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – o Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. Além disso, temos alterações sensoriais, como dificuldades com tato/texturas, com alimentos específicos, com cores. É um conjunto de alterações no desenvolvimento que faz com que a criança tenha uma resposta diferenciada dos estímulos que recebe, quando comparada às crianças com o desenvolvimento considerado neurotípico.

    Como os pais podem reconhecer o TEA: Hoje em dia a Sociedade Brasileira de Pediatria alerta para a importância do diagnóstico precoce, pois as intervenções precoces trazem grandes benefícios para essas crianças. Então, os pais podem ficar atentos àquela criança que passados os 2 anos de idade ainda não fala ou se comunica de forma muito precária; às crianças que utilizam o adulto como ferramenta para conseguir alcançar objetos ou aquilo que desejam; crianças que têm uma dificuldade muito grande em aceitar alimentos diferentes e que possuem um padrão muito rígido de escolha deles; que tenham dificuldades na interação com outras crianças, que não se relacionam, e que possuem um brincar atípico, como por exemplo, enfileiramento de objetos por cor, preferência e interesse por assuntos que não são típicos da faixa etária, como dados históricos de segunda guerra mundial, astronomia, entre outros. Crianças com alterações no padrão de sono também chamam a atenção.

    Existem graus diferentes de Autismo? O autismo tem níveis de gravidade 1, 2 e 3, e esses graus se referem à dificuldade que a criança tem de se relacionar com o mundo. Então temos os quadros leves, moderados e os graves. O que determina cada um deles é a necessidade de apoio que a criança necessita. Ou seja, no nível 1 a criança dá conta de interagir com o seu ambiente sem necessidade de auxílio persistente. Já no nível mais grave a criança precisa de alguém que auxilie o tempo inteiro, para todas as atividades da vida diária.

    Como prevenir o autismo? É importante entender que o Autismo não é uma doença, portanto não temos como falar sobre formas de cura ou prevenção. Mas é importante para as gestantes ter alguns cuidados, como por exemplo, a introdução do ácido fólico para prevenir malformações; o cuidado com a utilização de substâncias tóxicas e contato com metais pesados; evitar o tabagismo e o etilismo. Há também indícios de que a prematuridade esteja relacionada com casos de autismo, então o acompanhamento médico desde o início da gestação é fundamental. Como não se sabe quais são os fatores predisponentes para o autismo, não é possível falar em termos de prevenção, mas o que a gente considera é que o cuidado com a gestante no perinatal e no pós-natal são muito importantes.

    Como se faz o acompanhando adequado? Atualmente o diagnóstico e tratamento/acompanhamento é realizado por equipe multidisciplinar, além da avaliação clínica que continua sendo o padrão ouro. Mas é importante observar a necessidade da equipe multidisciplinar composta por neuropediatra, às vezes um psiquiatra infantil, um pediatra, psicólogo, neuropsicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, e dependendo da idade da criança, um psicopedagogo e outros especialistas que se fizerem necessários. A reabilitação é feita de acordo com a fase de desenvolvimento e as necessidades que a criança apresenta e visam ajustar ao máximo a criança ao que é esperado para a sua faixa etária e escolaridade. Vale lembrar que apesar de todo o esforço dos especialistas, não se consegue igualar as funções deficitárias ao que é esperado para a faixa etária. Portanto, mesmo que a criança responda muito bem, ela nunca terá a mesma resposta de uma criança neurotípica. E caso os pais identifiquem alguma diferença no desenvolvimento dos filhos o primeiro passo é conversar com o pediatra e explicar as diferenças observadas. Num segundo momento deve-se procurar uma equipe multidisciplinar de qualidade para que tudo seja investigado e a criança seja encaminhada para o acompanhamento necessário.

     

    Fonte: FAME Barbacena.

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