Por Jeanne Carvalho

Por anos se acreditou que a prática de atividade física durante a gestação deveria ser evitada. Muitos profissionais de saúde temiam que a prática de atividade física acarretasse prejuízos para o estabelecimento do ciclo gravídico-puerperal e aconselhavam o repouso para as gestantes. Felizmente, hoje em dia, os profissionais de saúde mais atualizados recomendam a prática de exercícios durante toda a gestação pois os benefícios dos exercícios são amplamente conhecidos.

Ao longo da história os benefícios de um estilo de vida mais ativo durante o período gestacional foram sendo reconhecidos, despertando o interesse de muitos profissionais da área de saúde. Escritos datados da época do Egito Antigo já referiam que as escravas tinham partos mais fáceis do que suas patroas, possivelmente por estarem mais aptas às exigências do parto. Já no século III a.C., Aristóteles observou que as mulheres sedentárias sofriam mais durante o parto, demorando a dar à luz, se comparadas às mulheres que continuavam trabalhando durante a gravidez. Atualmente, a prática de atividade física durante o ciclo gravídico-puerperal vem recebendo a merecida atenção de pesquisadores e profissionais que compõem a equipe obstétrica, no que diz respeito ao estudo das vantagens e dos riscos reais dos exercícios, quando comparado ao sedentarismo.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Desde 1912, o fisioterapeuta vem ocupando uma posição importante dentro da área da Obstetrícia. Foi através do trabalho da fisioterapeuta Dra. Minnie Randell juntamente com o obstetra Dr. J. S. Fairbain, que na época desenvolveram o conceito de “Obstetrícia Preventiva”, no St. Thomas Hospital, em Londres. Nessa época as mulheres permaneciam cerca de 3 semanas no leito em repouso absoluto e contínuo após o parto; Randell e Fairbain, então, criaram um programa de exercícios no leito, auxiliando a recuperação física no pós-parto e ensinando o repouso através do relaxamento, evitando assim a imobilização constante na cama. Apenas na década de 20, as atenções se voltaram para o período gestacional.

O conceito de fisioterapia pré-natal surgiu sob a influência do trabalho da médica Kathleen Vaughan, que percebeu que as gestantes sedentárias tinham partos mais difíceis do que as barqueiras e as camponesas, as quais mantinham uma vida mais ativa durante a gravidez.

O programa de exercícios, especializado e exclusivo, idealizado por Randell e Fairbain, foi sendo, então, aperfeiçoado por outros estudiosos. O Dr. Grantly Dick-Read, entre 1933 e 1947, na Inglaterra, foi um deles. Segundo a literatura, Dick-Read sugeriu que a ligação do parto ao sofrimento gerava medo entre as gestantes, principalmente nas primíparas, aumentando a tensão muscular e emocional, resultando na dor durante o parto. Sugeriu ainda que a dor no parto era o resultado do estado emocional da gestante, desenvolvendo a Teoria do Ciclo Medo-Tensão-Dor ou Trinômio de Read, a qual defendia que o medo do parto aumentava a tensão muscular gerando a dor, criando assim um ciclo vicioso. Foi partindo desse princípio que Read passou a ensinar exercícios respiratórios, de relaxamento e de fortalecimento das musculaturas abdominal, dorsal e perineal às gestantes.

Outro grande expoente da época, o médico francês F. Lamaze introduziu no Ocidente um método de conscientização para as gestantes, que além dos exercícios, também visava ensinar às mulheres os mecanismos biológicos e fisiológicos do ciclo gravídico-puerperal, e dar um apoio psicológico.

Nas décadas de 40, 50 e 60, muitos manuais e livros foram publicados, contendo informações e orientações para as “futuras mães” sobre a realização de atividade física; todos concordavam que o exercício trazia inúmeros benefícios para a progressão do ciclo gravídico-puerperal. Um exemplo se encontra no livro Exercise before childbirth, 1951, no qual a Dra. Kathleen Vaughan condena o sedentarismo, expondo as dificuldades que poderiam surgir, durante o parto, nas mulheres que mantinham uma vida sedentária. A partir da década de 60, em Londres, os exercícios pré-natais tornaram-se parte obrigatória do programa de assistência à gestante, e nas décadas de 70 e 80, cresceu bastante o número de mulheres que se exercitavam de alguma maneira e/ou continuavam trabalhando, devido ao medo que tais mulheres tinham de prejudicar a si mesmas ou ao feto, caso não mantivessem um estilo de vida mais ativo durante a gestação.

Atualmente, a prática de atividade física na gravidez é tida como parte integrante de um programa de assistência pré-natal, principalmente em países como a Inglaterra, África do Sul, Austrália e Canadá, nos quais o surgimento da fisioterapia pré-natal se deu há mais tempo, sendo o fisioterapeuta, um dos profissionais responsáveis pelo seu planejamento e aplicação.

O trabalho interdisciplinar é imprescindível em qualquer área da saúde e, nesse sentido, o papel do fisioterapeuta obstetra torna-se fundamental dentro das equipes multidisciplinares de assistência pré-natal.

Nesse sentindo, a clínica Neonascer oferece às clientes o serviço de fisioterapia obstétrica com a abordagem integral, em que não apenas se trata e cura, mas também se observa e orienta com atuação na promoção de saúde. A fisioterapia da Neonascer trabalha a qualidade de vida das mulheres em atividades pré e pós-natais, com condutas específicas de suporte às gestantes e as puérperas.

AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GRAVIDEZ

A gravidez é uma condição especial de saúde que traz diversas modificações e adaptações no organismo materno, as quais são necessárias para o estabelecimento e progressão do ciclo gravídico-puerperal. Tais mudanças são, principalmente, o resultado da interação de alguns hormônios, sendo a progesterona, o estrogênio e a relaxina, os de maior influência.

Alguns desses ajustes fisiológicos podem resultar em desconforto, ou mesmo em dor para a gestante, causando limitações durante a realização das atividades do dia a dia.

A gestante que não realiza atividade física durante a gravidez tem menos produtividade, não dorme direito, tem escapes de urina, baixa libido, menos energia e disposição para relações sexuais. Ela entra em um ciclo de problemas com um aumento de peso exagerado, baixa auto-estima, crises de ansiedade, crise conjugal e de relacionamento. Além disso, ela tem grande possibilidade de ter um trabalho de parto mais dolorido e demorado com maiores chances de laceração perineal e depressão pós-parto.

Outra mudança fisiológica do corpo é o constante crescimento do útero. Sua posição dentro da cavidade abdominal, além do aumento no peso e no tamanho das mamas, são fatores que contribuem para o deslocamento do centro de gravidade da mulher para cima e para frente, podendo acentuar a lordose lombar.

As alterações no sistema respiratório são extensas. O diafragma se desloca cerca de 4 cm para cima, em consequência do crescimento uterino e do alargamento das costelas inferiores. Isso justifica a dificuldade de respirar que acomete algumas gestantes.

EXERCÍCIO PRÉ-NATAL

O exercício pré-natal tem, como objetivo principal de melhorar a qualidade de vida da gestante, através da aplicação de um programa de exercícios, das orientações sobre a realização das atividades cotidianas, as quais necessitam ser adaptadas às circunstâncias da gestação, e de um apoio psicológico. Nesse sentido, o programa de exercícios elaborado pelo fisioterapeuta especialista nessa área, deve ser específico, exclusivo e individualizado para cada gestante em particular, sendo composto por exercícios de intensidades variadas, visando melhorar a flexibilidade, a força e o condicionamento físico para a progressão do ciclo gravídico-puerperal.

Para acabar com todos esses desconfortos e colocar a vida da gestante em perfeito equilíbrio, a clínica Neonascer desenvolveu um programa online de fisioterapia obstétrica.

A sessão com uma fisioterapeuta é semanal, com duração de 30 minutos. É realizado uma avaliação e entrega de um treinamento personalizado de acordo com a semana gestacional da mulher. Esse trabalho envolve preparação do sistema cardiorrespiratório e muscular, além da preparação das articulações dos membros inferiores e superiores para os exercícios. Também são passados alongamentos, exercícios respiratórios para as fases do trabalho de parto, exercícios para o fortalecimento e tonicidade de todos os grupos musculares, principalmente a musculatura do assoalho pélvico e do abdômen, que são os grupamentos mais solicitados no parto. A sessão termina com um relaxamento, que visa aliviar as tensões musculares ainda existentes, desaquecimento do corpo e regularização das frequências cardíaca e respiratória.

Exercícios praticados regularmente e bem orientados, com o nosso método, não só trazem efeitos benéficos para o corpo da gestante como também aumenta a autoestima, melhora libido, evita dores pélvicas, incontinência urinária e depressão, promove bem-estar físico e emocional. A gestante consegue ter uma gestação mais tranquila e com saúde.

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