Carta para aqueles que não afundam
Por Felipe Correia
A dor do parto é grande
Mas precisei partir
É que apesar de bom partido
Me prefiro inteiro
Por mais que não esteja dessa forma agora
Sei que posso ainda ser colado
Mas tem que ser sozinho
Nos descolamos faz tempo, afinal
Um sorriso muitas vezes esconde várias lágrimas
Mas às vezes lágrimas de alegria são melhores que sorrisos
Nesse momento prefiro derramá-las
Para que daqui um tempo volte a sorrir
A partida é fria
O mecânico me disse isso uma vez
Naquela ocasião gastei dinheiro e ele deu um jeito
Mas a partida nesse caso
O cash ainda que houvesse, não teria reparo.
Tem coisa que é questão de tempo
E tempo é subjetivo, 4 segundos no automobilismo é muito
20 e poucos anos, irrisório pra se decidir a vida
Sento na cama e percebo
Que não estou correndo, tão pouco decidindo meu rumo
Estou mais uma vez vivendo o caos do dia a dia
O caos que não te permite garantir o amanhã
Mas que proporciona o brinde de estar em paz com o passado
O passado, aliás, é uma roupa que não me veste mais
Obrigado, Belchior
Diferente de minhas roupas
Cada vez mais confortáveis
Voltei até a usar cinto
E me sinto um pouco mais seguro com meus ideais
Poderia falar por horas
Mas tem momentos que o silêncio diz bem mais
Depois que vi o que ele tem feito
Me resigno a responder com os olhos.