Dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) divulgou o ranking de ocorrências de desastres registrados em 2024. Barbacena é o quinto município com o maior número de casos registrados, ao lado do município de Juiz de Fora, com 22 ocorrências. Lidera o ranking o município de Petrópolis-RJ.  

68% das ocorrências foram de origem hidrológica, enquanto 32% foram de origem geológica. Segundo o Cemaden, a predominância de eventos hidrológicos reflete os impactos recorrentes das enchentes e enxurradas.

Foram registrados em 2024, 1690 ocorrências de desastres em todo o Brasil, o terceiro maior registro de série.  Além disso houve a emissão de 3.620 alertas de desastres em 2024. O número é o maior desde o início das atividades de monitoramento em 2011, e concentrado principalmente nas grandes regiões metropolitanas do país, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador.

“O número de alertas emitidos pelo CEMADEN no ano passado pode ser explicado, em parte, pela inclusão de 95 novos municípios que entraram para o monitoramento. Mas o principal fator que contribuiu para esse crescimento foi a intensificação dos eventos extremos de chuva, particularmente nos meses de janeiro a março e de outubro a dezembro, períodos que correspondem à estação chuvosa nas regiões sudeste e essas regiões abrigam grande parte dos municípios monitorados pelo CEMADEN e concentraram cerca de 75% do total de alertas enviados em 2024”, explica o tecnologista do CEMADEN, Rafael Luiz.

Barbacena

A característica Geográfica de Barbacena e o crescimento desordenado da cidade, pode ser uma explicação para tal problema. Uma das respostas para isso está no Plano Diretor, que não é atualizado desde 1962, mas que está em fase de atualização e em breve deverá ser votado pela Câmara Municipal. Márcia Souza, coordenadora do Plano Diretor, destacou que este instrumento desempenha um papel essencial na prevenção de desastres naturais em áreas urbanas, pois orienta o crescimento da cidade de maneira ordenada e segura.

“Ele inclui o mapeamento de áreas de risco, como encostas e regiões propensas a enchentes, permitindo a implementação de medidas preventivas, como a restrição de novas construções nesses locais. Além disso, o plano define diretrizes para o uso do solo, promovendo uma ocupação responsável e a preservação ambiental. A infraestrutura urbana, incluindo sistemas de drenagem e contenção de encostas, é projetada para mitigar os riscos”, destacou.

Para Márcia, a participação ativa da comunidade é crucial, garantindo que as pessoas se envolvam na fiscalização e sigam as orientações para garantir a segurança coletiva. “Dessa forma, com a implementação do Plano Diretor, a cidade de Barbacena terá uma estratégia eficaz de prevenção, contribuindo para a redução dos impactos futuros e aumentando a resiliência das áreas mais vulneráveis, especialmente nas que apresentam maior concentração de riscos”, afirmou.

Barbacena em 2021 foi certificada pela ONU, com a entrada no programa de Cidades Resilientes, que leva em consideração os esforços de Defesa Civil nesta área. Sobre os dados do CEMADEM, a Defesa Civil explica que os números se referem a eventos de deslizamentos e inundações de diferentes magnitudes ocorridos em 2024, com 90% dos eventos classificados como de pequeno porte.

 “O Cemaden fundamenta suas análises no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres e na avaliação das respostas aos alertas emitidos. Embora Barbacena tenha figurado em 5º lugar, isso não indica inatividade por parte do poder público, que tem adotado medidas para mitigar os impactos de desastres. Como exemplo, destacam-se as obras de contenção realizadas na Demétrio Ribeiro e as intervenções nas redes de drenagem, incluindo a primeira etapa das obras na Avenida Governador Bias Fortes”, destacou o órgão municipal.

Para a Defesa Civil, a cidade de resposta de Barbacena é evidenciada pelo fato de, em um ano com precipitação de 1.848,2mm registrada pelo INMET, a decretação de estado de emergência tenha ocorrido apenas uma vez, no mês de março. Além disso destaca que os monitoramentos permanecem constantes.

Contato

Em caso de perigo, as pessoas podem acionar a Defesa Civil através do número 199 ou whatsapp (32) 3198-1099.

2025

Para Rafael Luiz, apesar de 2024 ter tido recorde de alerta, ele não pode ser considerado um ano atípico na série histórica, já que há a indicação de uma estabilização do número de alertas dentro desse intervalo, mesmo com a ampliação gradual do número de municípios monitorados.

“Apesar de 2025 já ter começado com muitas ocorrências em virtude das chuvas intensas, como verificado em muitos municípios de Minas Gerais e, mais recentemente, em grande parte da região nordeste, as previsões indicam um cenário de neutralidade climática ou um breve período de laninha, o que tende a reduzir as chuvas em grande parte do território brasileiro. Ainda assim, eventos meteorológicos atípicos, como o registrador no Rio Grande do Sul em 2024 podem ocorrer novamente e provocar novos picos na emissão de alertas, tornando o cenário futuro um pouco incerto”, completou.