Visita ao Memorial Beata Isabel Cristina, inaugurado em Barbacena
“Nunca desista diante de dificuldades que a vida nos fornece às vezes” (Isabel Cristina). Essa é uma das frases estampadas na parede de vidro da entrada do Memorial Beata Isabel Cristina, que está aberto à visitação desde o último domingo, 11 de dezembro, em Barbacena (MG), onde foi inaugurado pela Arquidiocese de Mariana, em comunhão com a Paróquia Nossa Senhora da Piedade, logo após a Santa Missa em Ação de Graças pela jovem que foi martirizada no dia 1º de setembro de 1982, aos 20 anos de idade.
O Memorial Isabel Cristina traz uma nostalgia da trajetória de vida e religiosa da Beata, por meio de fotos, recortes de jornais, cartas, roupas, registros escolares e objetos que estavam guardados há 40 anos sob a guarda da Paróquia da Nossa Senhora da Piedade.
É importante destacar que a montagem e a organização desse espaço foi realizada pela aposentada e devota, Ana Lúcia Monteiro Oliveira, e pelo jornalista e também devoto, Márcio Cleber da Silva Costa, sob a coordenação do Diretor do Memorial, o Diácono Antônio Rodrigues do Prado, que realizaram a leitura de livros e documentos sobre história de Isabel Cristina e cuidaram de cada detalhe para que as lembranças e características da jovem fossem contadas de forma concisa.
Segundo Ana Lúcia, o processo de idealização e construção do Memorial começou logo quando anunciaram a beatificação dela, quando o Monsenhor Danival pediu que a equipe providenciasse o local e o Diácono Prado entregou à equipe os pertences da Beata.
“Era uma caixa enorme, cheia de caixas de livro. Quando chegamos e nos deparamos com aquela quantidade de material ficamos sem saber por onde começava. Mas foi tudo muito gratificante, porque, aos pouquinhos, fomos descobrindo e começamos a situar o início da vida dela. Era interessante os caderninhos dela, a gente se deparava com os pensamentos marcantes. Ela tinha o hábito de escrever nos caderninhos os pensamentos, mensagens e a gente vivia muito aquilo. Ela gostava muito de borboletas, tem até no diário dela uma borboleta e uma mensagem maravilhosa. Quando deparamos com os brinquedos, eu amei. Tudo era uma emoção muito grande pra mim”, relatou.
Ana Lúcia ainda destacou a dedicação de Isabel Cristina pelos estudos. “Ela estudava, era muito cuidadosa e eu observei muito que ela era uma menina econômica, todo papelzinho de propaganda ela rascunhava atrás; ela estudava aproveitando os papeizinhos. Então, a gente via que ela era uma menina que tinha notas boas, de vez em quando acontecia de não ter uma nota muito favorável, igual acontece com todo estudante, mas a gente via que ela tinha responsabilidade de cumprir o dever dela como estudante”, explicou.
Um dos destaques do Memorial são os painéis com matérias jornalísticas publicadas ao longo dos anos, desde o assassinato de Isabel Cristina ao processo de beatificação. Conforme o jornalista Márcio Cleber, ele fez questão de destacar no Memorial todas as reportagens que detalham o “processo jurídico, daquele que provocou a tragédia”.
“Um fato muito importante, muito interessante são as reportagens dela, que também foram coletadas e guardadas, reportagens que contam todo o processo jurídico, daquele que provocou essa tragédia e também a primeira reportagem de Padre Cifani, que já se cogitava o estudo de Isabel Cristina a ser santa. A partir do momento que ele cogitou e ele divulgou, não parou-se mais o estudo e hoje nós temos a Beata Isabel Cristina”, explicou
De acordo com o Arquiteto Urbanista de Barbacena, Ricardo José Sad Fonseca, responsável pelo projeto do Memorial e da capela Isabel Cristina, relatou que o projeto das salas do Memorial foi pensado de forma que a arquitetura representasse a força e a importância de Isabel Cristina para a história, além de buscar referências em outros espaços de modo que trouxesse também a sofisticação e delicadeza que a Mártir merece.
Ricardo ainda contou que todo o acervo da Beata foi catalogado pelo Diácono Prado, pelo Márcio e pela Ana Lúcia, que realizaram a curadoria do material. “A partir disso eu comecei a fazer uma análise do que seria interessante estar exposto, o que faria com que as pessoas ficassem cativadas e não fosse uma coisa monótona. Por isso, durante a exposição, você vê peças pessoais, roupas, fotografias, coisas que eram características de hobby dela, as partes de poesias, a parte de escritas dela que eram refinadas e muito ricas também”, detalhou.
Na inauguração do Memorial Beata Isabel Cristina estiveram presentes religiosos, leitos, autoridades da igreja, familiares e amigos da jovem mártir. Como é o caso do vicentino, Carlos Eduardo Vital, que teve a honra de conhecer Isabel Cristina.
“A nossa ligação é através da Sociedade São Vicente de Paul, onde eu sou vicentino há 52 anos, então tinha uma ligação muito grande com os pais dela, o Confrade José Mendes, a mãe Dona Helena e o irmão Paulo Roberto. Eu era jovem na época, a gente participava de encontros de jovens, eu era um dos coordenadores daqueles encontros, alguns deles ela participou comigo e a gente participava daquela vida vicentina. Ela era uma menina muito recatada, muito católica e participava com a gente desses encontros de jovens vicentinos”, lembrou.
O Arcebispo Emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, também visitou o Memorial e disse que o espaço vai ajudar a “manter viva a chama da Santidade”. “O Memorial está belíssimo. Parabéns aos que projetaram essa maravilha, que conta uma história com fidelidade aos fatos, mas apontando também para o sentido que eles têm, que, para nós que temos fé, ultrapassam aquilo apenas que os olhos enxergam. Sem dúvida, vai ajudar manter viva a chama da santidade. O Memorial todo mostra que se trata de uma pessoa verdadeiramente santa e que viveu à comunhão com Deus de um modo tão bonito e tão sublime até o ponto de dar a própria vida na fidelidade a Jesus Cristo e a seu evangelho”, destacou.
Familiares de Isabel Cristina também estiveram presentes no Memorial, como é o caso da Maria das Graças Mrad Losqui, tia da Beata, que ficou emocionada e encantada com o local. “Lindo, lindo e lindo. Só uma pena, não deu para gente ler, está sendo muito rápido, porque está sendo muito visitado. Mas vou vir aqui com calma para ver passo a passo. Tem coisas que eu já vi quando ela era menor, mas tem cartas que eu ainda não conhecia”, apontou.
Com informações da Arquiocese de Mariana